Brasília/Niquelândia

Enterrada no DF jovem que ficou oito dias internada após ser baleada em distribuidora de Niquelândia: criminosos se apresentaram à Polícia Civil na última semana

Velório de Marisa da Silva Souza Tomaz teve duração de apenas duas horas, na tarde desta terça-feira/7, num cemitério de Taguatinga, em Brasília: rapazes que a alvejaram antes de matarem um homem de 22 anos vão responder ao processo em liberdade

Foi sepultado às 16h30 desta terça-feira/7 – em um cemitério de Taguatinga/DF – o corpo da jovem de 22 anos que ficou oito dias internada em estado gravíssimo em Goiânia após ser baleada na cabeça numa distribuidora de bebidas de Niquelândia por dois criminosos que mataram Cleverson da Silva Santos na madrugada do sábado (29).

Marisa da Silva Souza Tomaz, que era residente em Brasília, foi inicialmente socorrida pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Santa Efigênia e posteriormente transferida ao Hospital Neurológico de Goiânia, onde morreu por volta das 23 horas do sábado seguinte, dia 4 de junho.

ENTENDA O CASO – O crime ocorreu num estabelecimento localizado na Avenida Brasil, no Jardim Primavera. Depois de atingirem a jovem em meio ao tiroteio que culminou com a morte de ‘Crevim’, como era conhecido o rapaz assassinado, a dupla fugiu do local em um veículo segundo a Polícia Civil.

Porém, algum tempo depois, retornaram às imediações da distribuidora e fizeram os disparos que terminaram com a morte de Crevim nas proximidades da distribuidora, numa rua lateral que faz fundos com um hotel e com um posto de combustíveis.

Segundo familiares que pediram para não serem identificados, a jovem morava há poucos meses com parentes por parte de mãe na cidade do Norte do Estado, para um curso de mecânica de máquinas industriais ofertado pela mineradora Anglo American.

CRIMINOSOS SE APRESENTARAM À PC – De acordo com o delegado-titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) da Polícia Civil, em Niquelândia, dois jovens – um de 19 e outro de 22 anos – se apresentaram espontaneamente à sede do Genarc/GIH na última quinta-feira/2. Um deles ficou em silêncio e o outro concordou em dar sua versão para os fatos.

“O atirador que prestou depoimento nos disse que, no dia do crime, o Cleverson estaria com um outro grupo de pessoas e, teoricamente, teria efetuado alguns disparos lá [na distribuidora]; e eles [os criminosos que se apresentaram] teriam se armado, em revide, provocando essa situação em que o Cleverson ‘deu bobeira’, de tal forma que esses dois rapazes chegaram nele [o rapaz morto] e acabaram atingindo a menina [Marisa] sem perceber, na versão deles, que isso tinha ocorrido. O Cleverson então correu [para a rua lateral à Avenida Brasil] e eles foram atrás, efetuando alguns disparos. Porém, alegaram que não viram que o rapaz tinha morrido, o que a gente já sabe o que é mentira. Estou apurando, ainda, a provável participação de uma terceira pessoa que tenha também dado disparos ou facilitado a fuga dos que se apresentaram”, detalhou o delegado Cássio Arantes

A autoridade policial ainda informou que, como ambos estavam fora da situação de flagrante-delito, irão responder ao processo em liberdade pela morte de Crevim e agora também pela morte de Marisa, já que a violência sofrida pela jovem fora inicialmente registrada como tentativa de homicídio pelas polícias Civil e Militar.

Porém, Cássio Arantes ainda está estudando por quais crimes eles serão efetivamente enquadrados, com base no Código Penal e também pelo entendimento jurídico já existente sobre casos semelhantes, uma vez que a morte de Marisa durante a troca de tiros entre os criminosos não era algo planejado pelos atiradores.

ERRO NA EXECUÇÃO – “Essa é uma questão complexa, que ainda estou avaliando. Não posso afirmar que esses dois rapazes irão responder por duplo homicídio doloso [quando há intenção de matar]. Essa questão da morte da menina [Marisa] é chamada, no Direito Penal, de ‘erro na execução’, pois ela [a jovem que morreu] não era o objeto principal dos autores. Então, em tese, não havia a intenção deles em atirar na Marisa. Por isso, vou avaliar se existe a hipótese dessa morte por dolo eventual [assumindo o risco de provocar a morte de terceiros, atirando num local com grande concentração de pessoas]; ou para que eles respondam a esse homicídio na forma culposa, já que não haveria a intenção de matá-la, para eu possa tirar uma conclusão definitiva”, detalhou o delegado do GIH.

FAMILIA DOOU OS ÓRGÃOS – Após o desligamento dos aparelhos que ainda mantinham a jovem com vida no hospital da capital, a família concordou em doar os órgãos de Marisa Tomaz para garantir a sobrevida de outros pacientes que se encontravam na fila de transplantes.

Por isso, após o cumprimento de todas as formalidades nesse sentido – e posteriormente, os trâmites burocráticos para a liberação do corpo à família – a jovem foi velada em Taguatinga por um curto período de duas horas, entre 14h30 e 16h30 desta terça-feira, antes do seu sepultamento.

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