Opinião

As diferenças de Gustavo Mendanha e Maguito Vilela

João Carvalho

“Desde a faculdade de Direito, aprendi a gostar de política e observar como agem os protagonistas desta arena.

Primeiro em Jataí, onde nasci. Depois em Aparecida de Goiânia, onde moro. E, claro, por todo Estado e país. Procuro observar até mesmo políticos de outras nações. É sempre bom compará-los.

Tenho visto uma faceta de Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida, que não conhecia ainda. Impetuoso, ele é herdeiro da maior obra de gestão e responsabilidade fiscal já implantadas naquele município.

Diga-se: foram implantadas por Maguito Vilela e não por ele.

É aqui que temos um problema: com vaidade exacerbada e pouco cuidado com dinheiro público, já tenho dó de quem venha a sucedê-lo. E, claro, do povo de Aparecida.

Para tentar viabilizar uma candidatura ao governo, Mendanha tem passado dos limites tanto em sua atuação como gestor quanto na exposição da envergadura moral, o que já o coloca nesta classificação que fiz dos políticos que tenho analisado: os oportunistas histriônicos.

Mendanha articulou recentemente uma dívida de quase R$ 700 milhões (120 milhões de dólares) para Aparecida.

A Câmara Municipal, através da Lei 3.599/20, “autoriza o Poder Executivo a contratar empréstimo junto a Instituição Financeira…”.

O valor é este aí mesmo, quase 1 bilhão de reais! Acontece que Mendanha quer sair da Prefeitura daqui dois meses.

É todo seu direito ser candidato. Mas como cidadão é também meu direito saber como pagaremos tamanha dívida, para onde vai esse dinheiro, qual a necessidade dele (Maguito deixou a Prefeitura com recursos na conta), a transparência de seu uso, a conveniência para usá-lo, a oportunidade e o debate público feito a partir desta dívida.

Se este aspecto de gestão me incomoda, outro vem à tona. O prefeito fez uma postagem nas redes sociais sobre redução de ICMS.

Bom, aqui entra a responsabilidade fiscal de Mendanha: prefere pegar emprestado 120 milhões de dólares a arrecadar como Maguito, e, assim, prestar políticas públicas sem comprometer o futuro da cidade.

Sabemos que este imposto é essencial para a manutenção das escolas, rodovias, pagamento de servidores públicos e, pasme, para repassar recursos a prefeitos como Mendanha.

Consultando reportagens de economia dos jornais que trataram do valor da gasolina e ICMS em Goiás, pessoas bem informadas sabem que Mendanha aqui completa a adjetivação iniciada com “oportunista”. E alcança o “histriônico”.

O preço da gasolina em Goiás permaneceu em R$ 6,55 desde novembro. Basta saber ler o noticiário: o governo já subsidiou nesse período R$ 101 milhões aos consumidores de combustíveis do Estado.

E notem: mesmo congelando o ICMS, a gasolina sofre alterações de valor de posto a posto. Ocorre que o congelamento havia sido derrotado na última reunião do Confaz – órgão que reúne todos estados do país.

Existe inclusive tentativa de sensibilizar governadores (não basta só o governador de Goiás, mas todos) a manterem o congelamento.

Qualquer estudioso de direito tributário vai explicar para o prefeito que Goiás não pode tomar posição sozinho. Existe ainda uma Recuperação Fiscal (RRF) em vigor, aprovado por técnicos e especialistas do Ministério da Economia e Supremo Tribunal Federal (STF).

Existe ainda um repasse do ICMS para os municípios. E, por fim, existe responsabilidade do gestor que está na ponta.

Ao desconsiderar fatos e gritar de forma histérica, Mendanha perde parte de sua credibilidade ainda em formação. Não age como Maguito Vilela, nem seu pai Leo Mendanha ou mesmo Daniel Vilela, que bancou suas candidaturas.

Enquanto Gustavo herdou um governo gerido por Maguito Vilela por dois mandatos elogiados até por seus adversários, o atual Governo de Goiás herdou um estado esfacelado com dívidas de R$ 25 bilhões, Celg vendida, políticos presos e Goiás nas manchetes de corrupção do “Jornal Nacional”.

Tal comportamento me faz lembrar da frase de Rui Barbosa, que visava combater a injustiça e mentira: “De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

É hora de nossos políticos se posicionarem a partir desta frase do ex-senador. O povo quer, sim, honestidade e virtude

João Carvalho é advogado e jornalista

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