Saúde

Estudo mostra que medicamento que previne HIV é viável, mas abandono do tratamento ainda preocupa

Estudo mostra que a oferta imediata de profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV é viável no Brasil, com baixa perda precoce de acompanhamento.  Os resultados, publicados na edição de 21 de dezembro de The Lancet HIV – uma das mais conceituadas revistas científicas do mundo – mostram que a adesão à PrEP e a retenção ao serviço a longo prazo foram boas.

PrEP é um medicamento anti-HIV, tomado de forma programada para evitar uma infecção pelo HIV caso ocorra uma exposição.

A pesquisa foi conduzida pelo Grupo de Estudos ImPrEP no Brasil, México e Peru, de 2018 a 2021 e teve como objetivo central avaliar a viabilidade da oferta de PrEP oral diária nesses três países, servindo de espelho para iniciativas similares na América Latina.

Ao todo, participaram 9.509 pessoas, sendo 3.928 no Brasil, 3.288 no México e 2.293 no Peru.

A maioria – 94,3% da amostra pesquisada – são gays, bissexuais e outros homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH).

Os demais 5,7% são travestis e mulheres trans, populações mais afetadas pela pandemia de HIV e aids na América Latina, a maioria com idade entre 18 e 30 anos.

Os resultados mostram que a adesão à PrEP e a retenção ao serviço a longo prazo foram boas, sendo pior entre os mais jovens e mais vulneráveis; e a incidência de HIV foi muito baixa, sendo maior nas populações mais vulneráveis e com baixa adesão à PrEP.

De acordo com o estudo, a PrEP comprovou ser uma importante tecnologia de prevenção, especialmente junto a populações de homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans na América Latina.

A pesquisa aponta que os determinantes sociais e estruturais de risco ao HIV precisam ser abordados para a plena realização dos benefícios da profilaxia.

A etapa inicial do ImPrEP, ligada à oferta da PrEP oral diária, foi uma iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde do Brasil, a Universidade Peruana Cayetano Heredia, do Peru, a Clínica Condesa e o Instituto Nacional de Saúde Pública, ambos do México.

Quase 40% das pessoas que usavam a Prep abandonaram a prevenção ao HIV –  De todas as pessoas que iniciaram o uso de Prep, a profilaxia pré-exposição, 39% descontinuaram esse tipo de prevenção contra o vírus HIV.

Os números do Painel Prep, vinculado ao Ministério da Saúde, abrangem o período compreendido entre 2018 e 2022.

A Prep consiste em tomar, todos os dias, uma combinação de dois antirretrovirais — o tenofovir e a entricitabina —, que são eficazes contra o vírus da Aids. Assim, é possível evitar a infecção por HIV em até 95%.

Os números do Ministério da Saúde mostram que desde 2018, 64 mil pessoas iniciaram o uso da profilaxia pré-exposição.

Desse total, cerca de 24,8 mil pessoas abandonaram esse método de prevenção contra o HIV.

Para o infectologista José Valdez Ramalho Madruga, que é coordenador do Comitê de Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia, a descontinuação do uso pode ser explicado por fatores sociais e comportamentais como o início de um relacionamento estável.

O médico da Sociedade Brasileira de Infectologia também acredita que as pessoas estão perdendo o medo do HIV graças à eficácia dos tratamentos que estão disponíveis atualmente.

Apesar da eficácia dos tratamentos atuais, o infectologista ressalta que ainda não existe uma cura definitiva para o vírus da Aids.

Por isso, a profilaxia pré-exposição ainda é uma opção eficaz para quem pretende não se infectar com o HIV.

A prevenção por meio da profilaxia pré-exposição está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde e é recomendado para qualquer adulto com vida sexual ativa.

O uso é prioritário para profissionais do sexo, mulheres trans e homens homossexuais [Informações da Agência Brasil de Notícias/EBC, em Brasília]

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