Niquelândia/Uruaçu

Roubou lotérica atrás da ‘sorte grande’ mas deu azar e foi preso

Polícias Civil e Militar prenderam, em Uruaçu, rapaz que havia assaltado lotérica a mão-armada e sem capuz à luz do dia em Niquelândia: ação ousada e burra, segundo o delegado Cássio Arantes

Ação integrada e de inteligência entre as polícias Civil e Militar de Niquelândia e de Uruaçu culminou com a rápida prisão – no início da madrugada desta terça-feira (20) num hotel em Uruaçu – do rapaz que assaltou uma lotérica na região central de Niquelândia, por volta das 11h45 da segunda-feira (19), conseguindo levar cerca de R$ 5 mil em dinheiro.

De acordo com o delegado-titular da Polícia Civil em Niquelândia, Cássio Arantes do Nascimento, imagens registradas pelas câmeras de segurança do estabelecimento localizado na Avenida Brasil foram fundamentais à identificação de Jaquilane Alves Mendes – de 30 anos – como sendo o indivíduo que sacou um revólver que carregava na cintura para intimidar a funcionária do local.

A ação, embora tenha sido considerada ousada pelo delegado, foi perpetrada de maneira discreta pelo assaltante já que as imagens atestaram que Jaquilane observou pouco movimento no local.

Porém, decidiu pelo assalto quando notou que uma mulher havia efetuado um depósito de R$ 1.000,00 no caixa que decidiu abordar. Ele saiu do local rapidamente, sem que as demais pessoas percebessem que havia ocorrido um crime no local.

Dada a repercussão do caso – depois de um certo período de relativa calmaria na Segurança Pública em Niquelândia – Cássio Arantes e seus agentes de investigação agiram rápido para localizar e prender o assaltante, conectando pistas e refazendo o trajeto que o indivíduo percorreu.

De imediato, segundo o delegado, restou apurado que Jaquelane pegou um mototaxi no Centro de Niquelândia e se dirigiu até o Jardim Atlântico – bairro populoso da cidade – onde ficou por um certo período. Desse local, o assaltante deslocou-se num táxi para o Povoado de Indaianópolis, distante 36 quilômetros da área urbana do município.

No povoado, detalhou a autoridade policial, Jaquilane procurou abrigar-se na casa de seu irmão, onde chegou por volta das 19 horas. Porém, o parente teve acesso ao vídeo amplamente divulgado no WhatsApp e recusou-se a dar teto para o irmão-assaltante. Porém, o irmão concordou em dar uma carona para levar Jaquilane de volta à área urbana de Niquelândia.

Nessa altura, todavia, a Polícia Civil já tinha levantado em sistemas próprios a real identidade do rapaz pela comparação das imagens do vídeo com fotos do então suspeito, localizadas em suas redes sociais, apurando que Jaquilane tinha em seu desfavor um mandado de prisão em aberto por condenação anterior a uma pena de nove anos e quatro meses de detenção.

Cássio ainda informou que, por muito pouco, o Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) da Polícia Militar (PM) de Niquelândia e policiais civis do Genarc (numa viatura descaracterizada) não conseguiu prender Jaquilane no meio do trajeto até o Indaianópolis.

As viaturas seguiam para o povoado mas pela poeira levantada na GO-538 – e também pela pressa de encontrá-lo – não perceberam a aproximação de um veículo que vinha em sentido contrário, onde estava Jaquilane e seu irmão.

Já no Indaianópolis, a cunhada do assaltante inicialmente disse que Jaquilane tinha estado por lá “nos últimos dias”, mas logo abriu o jogo sobre a história da carona dada por seu marido ao cunhado que era procurado pela PC e PM: Jaquilane teria decidido pegar um táxi em Niquelândia para seguir viagem até Uruaçu.

Em poder do assaltante, PM de Uruaçu encontrou cerca de R$ 1 mil do dinheiro roubado na lotérica em Niquelândia e a pistola 765 usada no crime Foto: Divulgação/Polícia Civil)

As equipes se dividiram e o Genarc permaneceu na casa, para barrar qualquer tipo de contato da mulher com o marido que transportava o irmão-criminoso. Nesse tempo, o GPT de Niquelândia também deslocou-se rapidamente para Uruaçu e, no trajeto, pediu apoio ao comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar (14º BPM), coronel Maxwell Franco de Morais.

O oficial ordenou que todas viaturas que estavam em patrulhamento em Uruaçu dessem respaldo ao GPT de Niquelândia à imediata prisão de Jaquilane. Num primeiro momento, segundo Cássio Arantes, um informante relatou que o taxi com placa de Niquelândia teria deixado o homem procurado na porta do Hospital Santana.

Na sequência, o Genarc de Niquelândia recebeu a informação que o assaltante havia se hospedado num hotel em Uruaçu. Nesse local, a PM de Uruaçu prendeu Jaquilane com a arma (uma Pistola 765) usada no assalto a lotérica em Niquelândia; e em poder de cerca de R$ 1.000,00 dos cerca de R$ 5.000,00 obtidos no roubo.

Encaminhado para o DP de Niquelândia numa viatura da PM de Uruaçu por volta das 3 horas da madrugada desta quarta, Jaquelane foi interrogado e confirmou a autoria do assalto, dizendo que pretendia seguir viagem de Uruaçu para Goiânia.

Apesar de todos os elementos de prova reunidos contra Jaquilane – além da própria confissão dele – o delegado de Niquelândia sacramentou a confirmação da autoria do assalto também pela atenta observação da autoridade policial ao conteúdo do vídeo: no assalto – como forma de “orientar” a funcionária da lotérica para que levantasse os braços – Jaquelane colocou suas mãos no vidro blindado do caixa durante o roubo.

Dessa feita, as impressões digitais deixadas pelo indivíduo nessa superfície foram coletadas e comparadas com as digitais de Jaquilane já preso, através de um papiloscopista lotado na PC em Uruaçu. O profissional veio a Niquelândia por solicitação de Cássio Arantes ao delegado-titular da 10ª Delegacia Regional da Polícia Civil em Uruaçu (10ª DRP), Rodrigo Pereira.

Para Cássio Arantes, tudo leva a crer que, pelo fato de Jaquilane morava em Goiânia, o mesmo tenha subestimado a capacidade de articulação e de investigação da Polícia Civil do Norte do Estado acreditando que fugiria com facilidade da região.

A PALAVRA DO DELEGADO – “Os pequenos delitos continuam acontecendo em Niquelândia, mas casos de natureza mais grave –  como esse assalto – não estávamos registrando há algum tempo. Praticar um crime dessa natureza no clarão do dia, sem nada para cobrir o rosto, armado com uma pistola e numa casa lotérica – um local normalmente muito movimentado – foi realmente uma ação muito ousada mas também burra, ao mesmo tempo. Mesmo que ele (Jaquelane) estivesse de capuz ou de capacete, a Polícia Civil de Goiás hoje possui tecnologia e cientificidade para fazer a investigação. Isso ficou provado com a coleta das impressões digitais do indivíduo, no vidro. E, claro, o que nos ajudou bastante no êxito dessa prisão foi o fato da lotérica ter um Circuito Interno de TV funcionando adequadamente. Esse tipo de abordagem dele, na lotérica aqui em Niquelândia, foi semelhante a um assalto também ocorrido numa lotérica de Mara Rosa. Eles (os criminosos) chegam, anunciam o assalto e levam o que tem. É uma situação que está se espalhando pelo País, infelizmente. Porém, conosco, ele (Jaquilane) bem que tentou mas não conseguiu escapar”, comentou o delegado-titular de Niquelândia.

Imagens captadas pelas câmeras de segurança da lotérica flagraram ação de bandido armado com a cara descoberta em plena luz do dia, rendendo a funcionária do local em Niquelândia (Foto: Reprodução CFTV lotérica/Portal Excelência Notícias)

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