Ações agroecológicas da Coopeag reforçam defesa da fauna, flora, matas e rios em parceria com Anglo American, Ibama e demais parceiros em Niquelândia

Com apoio da Anglo American e alicerçada na temática “Vivência em Agroecologia”, a Cooperativa Agroecológica dos Produtores Familiares de Niquelândia (Coopeag) realizou, na última semana, uma série de atividades de conscientização sobre a importância da preservação da fauna, da flora, das matas e dos cursos d’água no entorno da cidade do Norte do Estado, objetivando a redução dos impactos ambientais.

“Cada dia mais nós precisamos pensar como queremos deixar esse nosso planeta para os nossos sucessores porque a fome, o fogo e a seca fazem parte de um modelo de produção que não funciona mais. Tivemos uma doença avassaladora como a Covid-19, que não respeitou pobres, ricos, pretos e brancos. A fumaça das queimadas não respeita ar-condicionado, não respeita casas, não respeita apartamentos. Ou nós mudamos nosso jeito de produzir e de viver, ou estaremos fadados ao fracasso”, afirmou o agricultor e presidente-fundador da entidade desde 2017, Manoel Alves Gomes Júnior.

As palestras e rodas de conversa nesse sentido ocorreram entre a manhã e a tarde da sexta-feira/11 na sede da Coopeag no Sítio Bagagem, uma área de mais de 100 hectares de área nativa na região do Povoado do Muquém, distante 45 quilômetros da área central de Niquelândia.

Na propriedade rural que era utilizada pela família de Manoel Júnior nos festejos do Muquém –  hoje sob responsabilidade direta do presidente da Coopeag – são fabricados produtos agroecológicos como café artesanal, polpas de frutas, mel e ovos caipiras, devidamente consorciados com gado leiteiro, peixe e aves.

“Somos uma cooperativa com compromisso social e ambiental, para o fortalecimento do povo da agricultura familiar e dos povos tradicionais do Cerrado ”, definiu ele.

Há dois anos, também com apoio da Anglo American, a Coopeag inaugurou a “Casa da Agricultura Familiar”, na região central de Niquelândia, para a comercialização dos produtos já citados e de outros, como queijo, leite, panificados, farinha, polvilho, rapadura, pão de queijo, biscoito de queijo congelado, doces, licores, iogurte e açafrão, dentre outros, além de peças de artesanato.

A partir do Sítio Bagagem, outra importante atividade foi a estruturação e produção de mais 70 espécies de mudas de árvores nativas do Cerrado. Hoje, nos oito viveiros fomentados pela Coopeag em várias regiões de Niquelândia, a Coopeag consegue produzir cerca de 200 mil mudas por ano.

“Em 2016, com o fechamento da Votorantim Metais, iniciamos um projeto de produção sustentável, com menor impacto ambiental. Na época, trouxemos um curso de agropecuária em que as aulas práticas dos alunos eram realizadas aqui no Sítio Bagagem, junto com o estágio. Isso foi crescendo e os alunos, que se tornaram sócios-fundadores da cooperativa, hoje são grandes produtores de mudas e dos produtos agroecológicos”, explicou o presidente da Coopeag.

Manoel Júnior destacou, ainda, que a cooperativa também possui importante parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o que proporciona forte equilíbrio entre a Natureza e o modelo de produção sustentável que ele realiza, o que é bem diferente, segundo ele, do que costumamos ver nas grandes propriedades.

Há dois anos, por iniciativa da professora Rhyllary Coelho e Silva, esposa de Manoel Júnior, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Goiás homologou oficialmente o Sítio Bagagem no rol das mais de 20 Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas) existentes em várias partes do Estado.

“Com muito esforço, conseguimos essa autorização e, hoje, somos a única área de soltura do Ibama em todo o Norte de Goiás. Nós não somos remunerados por isso, mas é um compromisso firmado pela nossa propriedade com o meio ambiente e com o planeta”, orgulha-se Manoel.

“Com isso, a Prefeitura de Niquelândia começou a arrecadar o limite máximo de ICMS Ecológico embora ainda não exista nenhuma contrapartida do município nesse sentido, mas temos feito um trabalho com muito amor e muita dedicação”, complementou o presidente da Coopeag.

O TRABALHO DO CETAS/IBAMA – Presente ao evento da Coopeag na última semana, o chefe do Cetas do Ibama em Goiás, Léo Caetano Fernandes da Silva, detalhou ao Portal Excelência Notícias que a área da autarquia federal às margens da BR-153, em Goiânia, recebe anualmente um grande número de animais resgatados, traficados, apreendidos ou entregues voluntariamente pela população sendo que, nesse último caso, não há penalização judicial.

Depois, segundo ele, o Cetas realiza um minucioso trabalho para tentar devolver esses animais aos seus habitats naturais que, segundo Leo Caetano, vai muito além do simples ato de abrir a gaiola e deixar que os mesmos busquem sozinhos essa reinserção aos locais de onde jamais deveriam ter sido retirados um dia.

Ele explicou que na “Asas” que funciona em Niquelândia através do Cetas, juntamente com o Sítio Bagagem, a maior parte das 400 solturas já realizadas são de aves – principalmente de papagaios-verdadeiro e de araras-canindé, vistas em grande quantidade durante todo o evento no Sítio Bagagem. Quando o assunto são os jabutis, nada menos que 100 deles foram soltos no sítio nos últimos dois anos.

“Nesse sentido, a gente precisa de parcerias e de uma estrutura, como a que temos aqui em Niquelândia com o Manoel e com a Coopeag – que são ótimos parceiros – porque nos dão totais condições de fazer com que o processo de retorno desse animal à Natureza seja gradual, conseguindo assim buscar seu próprio alimento”, explicou Leo.

Em sua companhia, quem também esteve em Niquelândia foi o analista ambiental do Cetas, Luiz Alfredo Batista. Na visita guiada às áreas com os presentes – dentre eles um grupo de alunos do Cepi Joaquim Maria de Godoi/Polivalente – Luiz Alfredo detalhou o resgate de um filhote de tamanduá que, após um ano abrigado numa estrutura criada exclusivamente para ele no Sítio Bagagem, deve ser solto na Natureza nos próximos dias.

Ambos explicaram que os bichos localizados em todo o Estado são inicialmente encaminhados para a sede do Cetas da capital para, depois, serem encaminhados às áreas dos Cetas existentes no interior que sejam as ideais conforme o tipo e o porte do animal.

ONG FLORESTA CHEIA TAMBÉM É PARCEIRA DA COOPEAG – Segundo a bióloga e atual presidente da ONG Floresta Cheia/Instituto de Conservação Ambiental, com sede em Goiânia, Gabriela Sales dos Santos – que também esteve em Niquelândia –  uma das principais atividades da entidade sob seu comando é hoje, justamente, a triagem e reabilitação de animais que estão no Cetas da capital através de um Acordo de Cooperação Técnica à divisão dessas responsabilidades até o processo de soltura.

Na visão de Gabriela, a “Vivência em Agroecologia” organizada na última sexta-feira pela Coopeag foi importante pois reuniu e integrou pessoas de diversos setores – como a população em geral, proprietários rurais e representantes do setor de mineração – que precisam unir esforços e compartilhar prioridades diante do importante papel que possuem na preservação da fauna da região.

“Agora, também somos parceiros do Sítio Bagagem, estreitando nossos laços com o Manoel, para fazermos um projeto de monitoramento de fauna aqui no sítio, que conheci recentemente. O trabalho feito pela cooperativa aqui é impressionante. Para nós, do Floresta Cheia, é uma enorme honra poder unir a conservação da biodiversidade com a produção agrícola sustentável.

ANGLO AMERICAN TAMBÉM ENVIOU REPRESENTANTES AO EVENTO DA COOPEAG – De acordo com Adelita Quenet Camargo, gerente de Produção da Anglo American/Codemin em Niquelândia; e com André Machado, coordenador florestal do Horto Aranha (uma plantação de eucaliptos às margens da GO-237, na direção de Uruaçu, que abastece os fornos da empresa) a parceria da multinacional com a Coopeag foi consolidada há alguns anos através do Programa Embaixadores do Bem.

Focados em ações de voluntariado alinhadas com o Plano de Mineração Sustentável da Anglo American, colaboradores da mineradora desenvolveram projetos sociais em parceria com entidades de Barro Alto e de Niquelândia, tendo a Coopeag como uma das comtempladas nas localidades onde a empresa extrai e beneficia minério de níquel.

Segundo André, através do Embaixadores do Bem, propôs-se um projeto agroflorestal em que a escória (rejeito do processo produtivo da mineradora) fosse utilizada para reduzir a pressão sobre os recursos naturais; e também um outro projeto, que beneficiasse os agricultores, proporcionando maior geração de receita em sua propriedade.

ESCÓRIA COMO FONTE DE MAGNÉSIO – “Com o uso dessa escória, nós reduzimos a necessidade da compra de fertilizantes, como o magnésio, já que o rejeito é rico nesse produto. A partir da implantação desse projeto agroflorestal, vamos estar monitorando como será o desempenho das culturas que vamos utilizar nesse processo, como a mangaba e o caju, e o cultivo de hortaliças, aqui no Sítio Bagagem, como uma alternativa aos pequenos e médios agricultores que, às vezes, ficam focados somente num tipo de cultivo e, quando há sazonalidade de preços, acabam tendo problemas financeiros”, explicou o coordenador florestal da Anglo American.

Ainda na sexta-feira, representantes da transportadora de cargas D’ Granel oficializaram que a empresa sediada em Belo Horizonte irá custear todas as despesas da logística à venda dos produtos da agricultura familiar através da Coopeag para a Anglo American, com a finalidade de abastecer o restaurante que atende os colaboradores da planta da da mineradora na rodovia GO-532.