Niquelândia

Enterrado corpo de mulher que morreu no Hospital Municipal de Niquelândia após 18 dias esperando por vaga em UTI

Moradora do Jardim Atlântico morreu às 6h30 do domingo/13, menos de 24 horas após Portal Excelência Notícias detalhar desespero da família com a burocracia do SUS para que Zilda Pereira dos Santos pudesse receber atendimento especializado em Goiânia ou Anápolis

Foi enterrado às 9 horas da manhã desta segunda-feira (14) no Cemitério São José em Niquelândia, o corpo da dona de casa Zilda Pereira dos Santos, de 52 anos.

Como se sabe, a moradora do Jardim Atlântico morreu por volta das 6h30 do domingo (13)  no Hospital Municipal Santa Efigênia, onde aguardava liberação de uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) havia 18 dias pelo Complexo Regulador Estadual (CRE) da Secretaria Estadual de Saúde.

Por volta das 11 horas do sábado (12), Zilda havia sido intubada no único hospital público da cidade do Norte do Estado, onde encontrava internada desde o dia 24 de janeiro.

“A Saúde pública em nosso país é muito complicada. Nós só queríamos uma vaga para que ela tivesse a oportunidade de lutar. Infelizmente, nós não conseguimos. Tudo o que aconteceu com minha mãezinha foi muito chato, muito ruim. Esse tipo de situação desmotiva a gente cada vez mais”, comentou Deliete Soares, uma das filhas de Zilda, logo após ter sido informada sobre a morte da mãe, ontem cedo.

ENTENDA O CASO – Outra filha da Zilda – Daslete Soares Batista – havia detalhado ao Portal Excelência Notícias no início da tarde do sábado (12) que sua mãe apresentou sintomas gripais no começo deste ano e foi diagnosticada com Covid-19 no dia 12 do mês passado, após fazer o teste para detecção da doença.

Na sequência, Zilda iniciou o tratamento com isolamento domiciliar fazendo uso dos medicamentos que foram receitados para amenizar os sintomas do coronavírus.

Depois, como o quadro de saúde da mãe não melhorava, a família retornou ao PSF da segunda etapa do Jardim Atlântico onde teria recebido o diagnóstico de que Zilda ainda estaria com Covid.

Intrigada com a resposta, Daslete providenciou que a mãe fizesse um exame para verificar se a mulher havia contraído dengue, mesmo sem um pedido formal da equipe médica.

O resultado do exame, de acordo com Daslete, foi positivo para dengue. De volta ao PSF, o médico que a atendeu teria a diagnosticado um quadro de dengue hemorrágica.

Mesmo assim, ela não teve providenciada sua internação no Hospital Municipal Santa Efigênia naquele primeiro momento, informou Daslete.

Depois, segundo a filha, Zilda passou por novo exame de sangue para dengue, além de um hemograma completo.

Com esses resultados em mãos, a família procurou novamente o PSF do Jardim Atlântico.

Diante da gravidade do caso, Zilda foi internada no dia 24 do mês passado com suspeita de dengue hemorrágica.

Até que fosse intubada, Zilda recebeu transfusões de sangue com bolsas trazidas de Ceres, também em função de um quadro de anemia.

Repassado ao Excelência Notícias pela família de Zilda, o último relatório sobre o quadro clínico da paciente tinha sido assinado também no sábado pelo médico Gledson Souza Maia.

No documento, constava a informação que Zilda encontrava internada em estado grave; e que a liberação da vaga de UTI, solicitada em Niquelândia tinha sido negada pelo Complexo Regulador Estadual (CRE) da SES-GO.

O médico também havia confirmado que Zilda, além do quadro de trombose venosa profunda, poderia estar acometida também por uma leucemia linfoide aguda; e que a realização de um exame específico [mielograma] não teria ocorrido possível pela instabilidade do quadro clínico da paciente.

Cida Gomes, atual secretária de Saúde de Niquelândia, detalhou que a intubação de Zilda no final de semana havia motivado a inserção de um novo pedido de vaga de UTI no CRE.

Às 17h30 do sábado, a Assessoria de Imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) respondeu que a liberação da vaga de UTI para Zilda dependia de que tal transferência fosse feita para hospitais de Goiânia ou de Anápolis que oferecessem suporte em hematologia; e que as unidades para esse tipo de atendimento não eram reguladas pelo Estado.

Ainda de acordo com a nota da SES-GO, a Prefeitura de Niquelândia tinha sido orientada para que a vaga fosse solicitada na rede de Anápolis, via Samu de Porangatu, que é a referência da Macrorregião Centro-Norte, onde se localiza Niquelândia.

Em contato com o Samu de Porangatu, o CRE foi informado que o caso foi solicitado somente à regulação de Goiânia, afim de que a vaga fosse liberada para a paciente, que acabou morrendo menos cerca de 12 horas após o envio da nota oficial pela SES-GO.

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