Niquelândia

Caminhoneiros fazem bloqueios nas rodovias BR-414 e GO-237 contra alta no preço do diesel

Num posto na saída de Niquelândia, litro custa R$ 4,19 e reduz lucratividade dos fretes: movimento pleiteia redução para R$ 3,00 pelo governo federal

O protesto dos caminhoneiros de todo o Brasil contra a alta desenfreada dos preços dos combustíveis – deflagrado em todo o País na manhã da segunda-feira (21) – foi iniciado na tarde desta quarta-feira (23) por profissionais de transporte nas duas principais entradas e saídas de Niquelândia, com obstrução parcial nas rodovias BR-414 (ligação com Brasília/Anápolis/Goiânia) e GO-237 (ligação com Uruaçu e BR-153/Norte do País).

O tráfego não está interrompido – carros de passeio, ambulâncias, caminhões com cargas vivas (animais) e produtos refrigerados podem passar – mas foram colocados pneus e cones nos pontos de bloqueio, em que os caminhoneiros da cidade do Norte do Estado alertam para a inviabilidade de se trabalhar com margens de lucros cada vez mais reduzidos nos fretes para os quais são contratados. E a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) avisa: o transporte de remédios, carga viva e produtos perecíveis será completamente obstruído no sábado (26) em todo o território nacional.

E a explicação é bem simples: num conhecido posto da Avenida Anapolina em Niquelândia, bem no entroncamento das duas rodovias, uma placa de propaganda anunciava o preço do litro do diesel comum a incríveis R$ 4,09 (à vista); e do diesel S-10 (para motores mais modernos) à R$ 4,19 (à vista).

Tudo por conta da elevada carga tributária que incide, no Brasil, sobre os preços dos combustíveis; e a influência direta do preço do barril do petróleo no mercado internacional, fato esse que fez a Petrobrás mudar sua política de reajuste do valor cobrado pelos derivados do petróleo, que sobem praticamente todos os dias.

“Nossa situação, para trabalhar, está cada vez mais difícil. Outro dia fiz um frete de Niquelândia para Goiatuba (500 km de distância, perto de Itumbiara, no Sul do Estado) e o custo com o diesel passou de 70% do valor que eu recebi pelo frete. Com margem de 50% (frete x combustível) já não estava bom, mas ainda era suportável. Agora, do jeito que vão as coisas, estamos pagando para trabalhar”, comentou o caminhoneiro Pedro Rodrigues dos Reis Júnior, entrevistado pelo Portal Excelência Notícias por volta das 17h30.

Pedro lembrou que o protesto nacional, se bem-sucedido junto ao Governo Federal, atenderá não somente os caminhoneiros com a eventual redução do preço do diesel. Mas o movimento dos profissionais do volante também serve de alerta aos demais motoristas sobre os extorsivos preços cobrados pela gasolina (que, em Niquelândia, chega a R$ 4,79 o litro do produto aditivado) pelo excesso de impostos. Em Goiás, a alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel é de 16% sobre o preço de cada litro.

Preços do óleo diesel praticados num conhecido posto de combustíveis da saída de Niquelândia, junto ás rodovias GO-237 e BR-414: valores impraticáveis para quem depende do caminhão para sobreviver e sustentar a família (Foto: Euclides Oliveira)

“Estávamos trabalhando e o nosso dinheiro (dos fretes) estava ficando todo no combustível, principalmente para quem é dono do próprio caminhão, como eu. Fizemos essa parada das rodovias aqui hoje em Niquelândia porque já havíamos aderido ao bloqueio em Barro Alto (na BR-080), dando apoio total aos nossos companheiros por lá. Resolvemos iniciar o movimento aqui em Niquelândia porque o tráfego estava sendo desviado (de Uruaçu/BR-153 e de Barro Alto) para cá. É uma paralisação pacífica, em que contamos com o apoio da população de Niquelândia. Inclusive, vários comerciantes da cidade já trouxeram lanches para a gente e uma carne para nós assarmos, enquanto durar o movimento”, comentou o caminhoneiro Elismar Hilário.

De acordo com ele, que ‘puxa’ minério de níquel de Barro Alto para Niquelândia entre as plantas da mineradora Anglo American nas duas localidades, numa distância de 320 quilômetros (ida-e-volta) por cada frete contratado, o preço do litro do óleo diesel teria que cair para R$ 3,00 (ou R$ 1,00 a menos, que o valor atual) para haver a recuperação da competitividade dos serviços que prestam, de tal forma que o gasto com combustível não mais ultrapasse 50% do valor do frete.

Dentre os caminhões parados na saída de Niquelândia, havia um veículo dos Correios: prazos de envio de Sedex e Sedex 10 estão suspensos em todo o Brasil (Foto: Euclides Oliveira)

No final da tarde, policiais lotados nas bases da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), ambas de Uruaçu, estiveram nas duas rodovias que cortam Niquelândia para orientação aos caminhoneiros sobre a melhor forma de conduzir o protesto, sem que haja a necessidade de intervenção abrupta das forças de Segurança Pública para preservar o direito de ir e vir dos demais cidadãos.

Um caminhão dos Correios, – que recolhe diariamente correspondências de Niquelândia para Goiânia – está parado no protesto na saída da BR-414. A empresa já suspendeu os prazos para o envio de Sedex e Sedex 10 em todo o Brasil, em função do movimento dos caminhoneiros. Os manifestantes afirmam que só vão liberar os pontos após negociação com o governo federal para redução do valor do produto, além da aprovação de uma lei que cria um valor mínimo do frete para a categoria.

Protesto, ainda no início, na rodovia BR-414 em Niquelândia: restrição da circulação de caminhões deve aumentar nos próximos dias (Foto: Euclides Oliveira)

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