ENTREVISTA –  Edimar Cintra renuncia à presidência do Sindicato Rural de Niquelândia após 2 anos e meio de mandato

Edimar da Costa Cintra não é mais o presidente do Sindicato Rural de Niquelândia. O pecuarista, de 64 anos, que possui propriedades nas regiões dos povoados Faz Tudo e Quebra Linha, entregou sua carta de renúncia à diretoria da entidade (com a qual fora eleito em dezembro de 2022 para um mandato de três anos) no último dia 22 de julho. Na tarde desta quarta-feira/30, Edimar visitou a redação do Portal Excelência Notícias para detalhar os motivos de sua repentina saída do cargo, após duas bem sucedidas edições da pioneira Feira Moderna do Agronegócio (Agroníquel) em Niquelândia, no ano passado e neste ano. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista com Edimar Cintra:

Portal Excelência Notícias: Por que o senhor tomou a decisão de renunciar ao cargo de presidente do Sindicato Rural de Niquelândia antes de concluir seu mandato?

Edmar da Costa Cintra – Foi uma decisão muito pensada, difícil de ser tomada, porque gosto do que fizemos nesse período. Tivemos conquistas importantes e fico feliz por ter contribuído com o meio rural. Esse tempo no sindicato foi um grande aprendizado para mim e acredito que deixamos marcas que já estão dando frutos e continuarão dando ao longo do tempo.

Excelência Notícias –  O senhor acredita que, durante sua gestão, os produtores passaram a enxergar o Sindicato Rural de Niquelândia de outra forma?

Edimar Cintra –  Sim, conseguimos mostrar que o sindicato é uma ferramenta útil e acessível ao produtor. Criamos meios para que eles se aproximassem, promovendo alianças que trouxeram resultados concretos. Um exemplo foi a Patrulha Rural: fizemos diversas reuniões com a Polícia Militar e conseguimos implementar o programa de identificação das propriedades. Hoje, Niquelândia é o município com o maior número de propriedades cadastradas junto nesse programa e, com essa parceria com a PM, praticamente zeramos os crimes na zona rural durante nossa gestão.

Excelência Notícias – E a Feira Moderna do Agronegócio de Niquelândia, a Agroníquel? Foram duas edições sob sua gestão. Qual avaliação do senhor sobre esses eventos?

Edimar Cintra –  A Agroníquel foi um marco. Na primeira edição, mesmo feita de forma amadora, os resultados foram excelentes. Já a segunda edição consolidou o evento como ferramenta de negociação. Tudo o que foi exposto foi negociado, e o pós-venda – que é o grande objetivo dessas feiras – está acontecendo. As empresas participantes saíram satisfeitas, e o produtor rural mais ainda.

Excelência Notícias – Também houve, no seu mandato, o Festival Receitas do Campo. Qual foi objetivo da iniciativa?

Edimar Cintra – O Festival é um resgate cultural. Celebramos as receitas tradicionais das famílias do campo, preparadas por produtoras e esposas de produtores. Reunimos uma comissão de jurados da cidade que avalia os pratos, e premiamos os melhores. É um evento bonito, que fortalece a identidade rural e ainda estimula o turismo nos povoados, gerando renda e oportunidades.

Excelência Notícias – O senhor também buscou entrosamento do Sindicato Rural com instituições financeiras, para os produtores rurais. Quais os resultados?

Edimar Cintra –  Desde o início, buscamos aproximação com os bancos – Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e BRB. Cobramos das agências locais e regionais um aumento na liberação de crédito. Organizamos vários encontros entre produtores e representantes bancários para esclarecer as linhas de crédito, taxas de juros, prazos e carências. Como resultado, conseguimos um aumento médio de 50% no volume de recursos financiados no agro local. Foi uma grande conquista.

Excelência Notícias – Em 2023, durante a Romaria do Muquém, o Sindicato Rural organizou a Missa do Agro. Como foi essa iniciativa?

Edimar Cintra –  A Missa do Agro surgiu da ideia de integrar o produtor rural com o Santuário do Muquém e com a Igreja Católica. Conversamos com o pároco da época, que apoiou a iniciativa. A missa foi celebrada às 7h da manhã, no dia 15 de agosto, e teve a participação de produtores com seus chapéus e da diretoria do sindicato, que levou a bandeira até o altar. O padre (Aldemir Franzin, à época) citou diversas vezes o Sindicato Rural e se comprometeu a realizar a missa todos os anos. Tivemos a presença de presidentes de sindicatos de várias cidades, como Uruaçu, Cocalzinho de goiás, Anápolis, Jataí e até do Sudoeste Goiano. Foi um evento emocionante. Além disso, criamos o Culto do Agro, realizado na sede do sindicato toda última quinta-feira do mês. Nosso diretor, pastor Estrogildo (dos Anjos) coordenava. Era um momento de fé e confraternização, com café ou jantar após o culto. Assim, envolvemos tanto a comunidade católica quanto a evangélica.

Excelência Notícias – E como foi a relação do Sindicato Rural de Niquelândia com órgãos importantes ao segmento, como Emater, FAEG e SENAR?

Edimar Cintra – Foi excelente. A FAEG e o SENAR são mantidos por nós, produtores, por meio da contribuição nas notas fiscais. Desde o início, contamos com o apoio total do superintendente do SENAR Goiás, Dirceu Borges, o que permitiu multiplicar em quase 30 vezes os atendimentos oferecidos. O SENAR leva a especialização diretamente ao produtor, nas propriedades. Nós organizamos os grupos, oferecemos lanche, estrutura e o instrutor. Isso aumentou significativamente a produtividade no campo e qualificou a mão de obra rural em Niquelândia.

Excelência Notícias – Como a diretoria eleita com o senhor reagiu à sua renúncia ao cargo de presidente?

Edmar Cintra – Tive total apoio da minha diretoria durante todo o tempo em que estive no cargo. Nunca houve objeções ou conflitos graves. Após minha renúncia, muitos me ligaram pedindo para eu reconsiderar, outros me abordaram nas ruas elogiando o trabalho. Saio com a sensação de dever cumprido e sem inimizades. Sempre busquei o diálogo e a harmonia. Deixo um ambiente pacífico, com uma equipe fortalecida.

Excelência Notícias – E quanto aos motivos pessoais da renúncia?

Edimar Cintra – Há vários fatores. Fui eleito para um mandato de três anos, mas o estatuto foi alterado pela CNA, via FAEG, estendendo para quatro anos. Não fui eleito para esse tempo. Além disso, sinto que já dei uma grande contribuição. O sindicato está funcionando bem, com diretrizes claras e bons projetos em andamento. Sinto que é hora de dar espaço para um novo presidente seguir com o trabalho. Tenho também meus negócios, minha família e minha saúde. Preciso cuidar da minha visão – devo fazer uma cirurgia nos olhos – e investigar questões intestinais, que podem exigir cirurgia também. E, acima de tudo, sempre acreditei que quem ocupa cargo público não deve depender de recursos públicos para viver. Nunca recebi um centavo do sindicato. Fiz tudo por convicção e por compromisso com o setor.

Excelência Notícias – Edimar, faça suas considerações finais.
Edimar Cintra – Quero agradecer ao Portal Excelência Notícias pela oportunidade dessa entrevista. Foi uma honra liderar o Sindicato Rural. Meu compromisso com o agro e com Niquelândia continua. Estou pronto para colaborar sempre que for necessário, gerando emprego, renda e impostos. Continuarei trabalhando pelo município, como sempre fiz. Nunca estive e nunca estarei de braços cruzados quando se tratar de questões de interesse público de nossa cidade.