Niquelândia

Professor de universidade federal debate comunicação em Libras e desafios dos surdos em Niquelândia

Rimar Ramalho Segala, que é professor de Língua Brasileira de Sinais/Libras na UFScar/SP, esteve na Câmara Municipal da cidade na noite da sexta-feira/5: ausência de escolas preparadas para receber alunos surdos é um dos principais problemas no Brasil

O primeiro passo para encontrar soluções, dar visibilidade e voz aos surdos que vivem em Niquelândia foi dado na noite da sexta-feira (5) com a realização da 1ª Palestra de Inclusão: A Importância da Comunicação e Acessibilidade em Libras.

O tema do encontro foi abordado pelo palestrante Rimar Ramalho Segala, que é professor de Língua Brasileira de Sinais/Libras na Universidade Federal de São Carlos/SP (UFScar)

Organizado por voluntários, tradutores e intérpretes de Libras, o evento ocorreu no plenário da Câmara Municipal da cidade do Norte do Estado.

Na abertura, o depoimento de dois participantes surdos deu um panorama da realidade enfrentada pelas pessoas que têm alguma deficiência auditiva no município, de 45 mil habitantes.

Hugo  [à esq.] relatou dificuldades enfrentadas por ele desde a infância em relação ao aprendizado, observado por Dayane e traduzido por Adriell [Foto: Excelência Notícias]
Cleinivaldo Fernandes dos Santos é cabeleireiro e falou sobre a necessidade de a comunidade surda ter acesso a cursos e a políticas de aprendizagem.

Ele destacou a importância do evento para que os surdos de Niquelândia façam uma reflexão; e despertem sobre a importância de lutarem por seus direitos.

Formado em Direito e militante na causa, Hugo Alves Azevedo relatou sobre as dificuldades enfrentadas por ele desde a infância em relação ao aprendizado e apontou a ausência de empatia, de uma maior troca de experiências de vida, entre ouvintes e surdos.

Cleinivado, que também é surdo, defendeu acesso a cursos e a políticas de aprendizagem para os deficientes auditivos da cidade [Foto: Excelência Notícias]
O QUE DISSE O PALESTRANTE – Surdo de nascença em uma família composta em sua maioria por pessoas surdas, Rimar compartilhou as experiências de viver em uma sociedade em meio a línguas, culturas e identidades diferentes.

O professor da UFScar destacou a importância da relação entre os surdos e os outros – no caso, os ouvintes – e explicou a necessidade do surdo compreender a cultura do ouvinte, que é diferente.

De acordo com o palestrante, isso é percebido de uma forma bem clara na comunicação.

Interpretado em Libras por Vânia [c], o secretário Wesley Campos [Educação] de Niquelândia confirmou para Rimar [dir.] a existência de lei à contratação de professor específico para surdos na cidade [Foto: Excelência Notícias]
Enquanto o português conta com os sons, as palavras e a representação alfabética, detalhou Rimar, a estrutura visual-espacial-gestual predomina na comunicação em Libras porque o surdo fala usando o corpo, expressões faciais e as mãos.

O palestrante também destacou todo o contexto histórico da predominância da Língua Portuguesa e suas consequências: uma delas, apontou Rimar, versa sobre a opressão de outras línguas como as faladas pelos povos indígenas; pelos negros; e também para com a língua de sinais.

VÁRIOS DESAFIOS – Rimar Segala disse que os desafios são enormes, em todo o Brasil.

Citou, dentre eles, a ausência de escolas preparadas para receber alunos surdos; professores que não estão qualificados para darem aulas utilizando Libras; e escassez de profissionais tradutores-intérpretes de Libras.

Dayane, Rimar [palestrante], Vanessa e Adriell: inclusão de surdos foi a pauta da reunião na sexta-feira na Câmara Municipal [Foto: Excelência Notícias]

O preconceito também é uma realidade.  “A sociedade olha para o surdo e muitas vezes diz que ele não é capaz”, afirmou o palestrante.

Porém, algumas iniciativas começam a derrubar barreiras e dar espaço para o protagonismo do surdo.

Presente ao evento, o secretário de Educação de Niquelândia, Wesley Campos disse que um projeto de lei aprovado na Câmara Municipal prevê a atuação de um profissional de tradução e interpretação de Libras na pasta sob seu comando.

A empresária e pedagoga Dayane Antunes – que organizou o evento – ficou feliz com o resultado do encontro e espera que ele sirva para sensibilizar mais pessoas que queiram ajudar neste trabalho.

Dayane organizou a vinda do palestrante de São Carlos/SP para Niquelândia e acalenta o sonho da criação de uma associação de surdos na cidade do Norte do Estado [Foto: Excelência Notícias]
Ela estima que existem cerca de 45 surdos no município. Entusiasta da causa, Dayane disse que existe um projeto de ensinar Libras para ouvintes, mas também Língua Portuguesa para os surdos.

“O nosso sonho é criar uma associação de surdos aqui município”, afirmou Dayane.

Para quem quiser dar apoio ao projeto ou mesmo realizar um trabalho voluntário com os surdos em Niquelândia o contato é o (62) 98544-7550/WhatsApp.

O evento contou com o apoio da Secretaria de Educação de Niquelândia; do Smart – Nosso Novo Supermercado; da Nutri Mais, da Art Gráfica;  da Câmara Municipal; e do Portal Excelência Notícias.

 

 

 

 

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