CoronavírusNiquelândia/Muquém

COVID-19: Romaria do Muquém este ano será virtual, anuncia padre Aldemir Franzin

Reitor do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, religioso disse em missa pela internet na manhã do domingo (7) que a presença de 500 mil pessoas em Niquelândia colocaria a população da cidade do Norte em risco à contaminação

Bastante cauteloso e sem usar a palavra ‘cancelamento’, o padre Aldemir Franzin – reitor do Santuário de Nossa Senhora da Abadia  – anunciou na manhã deste domingo (7) que a 272ª edição da Romaria do Muquém deste ano será realizada sem a presença dos romeiros entre os dias 5 e 15 de agosto de ano, em função da pandemia do novo coronavírus.

“A romaria vai acontecer, mas não nos moldes das romarias passadas, quando os romeiros vinham até o santuário. Nesse tempo de pandemia, Nossa Senhora da Abadia é que irá à sua casa, através das novenas; das missas que serão celebradas; das orações, que faremos aqui, porque os portões do santuário estarão fechados”, afirmou o religioso, por meio da missa transmitida ontem em live pela internet na página do Facebook do santuário, iniciada às 11 horas.

A confirmação do religioso tornou-se pública por volta das 12h20 – nos últimos 12 minutos da celebração online, de 1h30 no total – o religioso deu ênfase ao termo “redesenho da romaria” para evitar a proliferação da doença em Niquelândia, em função do público estimado em 500 mil pessoas que anualmente visitam a área pertencente à Diocese de Uruaçu.

“Nós estamos numa situação difícil no combate à essa doença. E Nossa Senhora da Abadia também não quer que seu povo corra riscos. Eu tenho fé, você tem fé. Todos nós temos fé. Porém, nos vemos diante de uma situação pandêmica. Imaginem vocês [dirigindo-se aos espectadores que assistiam à transmissão, ontem] que, se nós abrirmos tudo isso aqui, para rezarmos presencialmente todas as missas, quantas pessoas poderão ser contaminadas? Quantos poderão morrer?”, detalhou o reitor do Santuário do Muquém.

De forma serena, porém categórica, padre Aldemir pediu que devotos da santa – especialmente os que moram em outras localidades, não se dirijam ao povoado distante 45 quilômetros da área urbana da cidade daqui a dois meses.

A procissão do dia 5 de agosto – quando a imagem da santa é carregada nos ombros num andor pelos devotos num trajeto de 45 quilômetros – também não será realizada.

O padre frisou que o risco de contágio por Covid-19, dada a estimativa de que 20 mil pessoas fazem esse trajeto a pé por cerca de 12 horas, seria igualmente muito temerário por estarmos vivendo um problema de saúde pública em nível mundial.

Lugar projetado para 22 mil pessoas sentadas – mas que chega a abrigar cerca de 35 mil pessoas na missa-solene do dia 15 de agosto – as dependências do Santuário do Muquém estarão completamente fechadas.

“Algumas romarias já foram canceladas por decreto estadual [como em Trindade, no festejo do Divino Pai Eterno]  e por ordem judicial. A Enel; a Saneago; a Polícia Militar; o Corpo de Bombeiros; o Governo do Estado; e a Prefeitura de Niquelândia – dentre outros serviços públicos de apoio estrutural à nossa romaria -também já anunciaram que não virão para cá [para o Muquém] este ano”, confirmou o padre.

Os tradicionais acampamentos de romeiros da própria cidade e de municípios da região – famílias inteiras, que praticamente mudam-se de ‘mala e cuia’ às áreas comuns do santuário – também estão cancelados. As intensas atividades na área comercial do Muquém foram igualmente suspensas.

“Esse tempo que estamos vivendo nos exige muita responsabilidade. Não podemos colocar os filhos e filhas de Nossa Senhora em risco. Porém, sabemos que haverá pessoas que, mesmo diante dessa situação, e dos nossos portões que estarão fechados, estarão aqui em Niquelândia. Infelizmente, eu não posso proibir as pessoas de viajarem para cá. Sua promessa, seu voto, sua intenção e seu pedido será cumprido. É só uma questão de tempo, de mobilidade; e de entendimento. Mas, por favor, nos ajudem. Não venham para cá”, reforçou o religioso.

PROMESSAS ADIADAS – Padre Aldemir também se dirigiu fraternalmente às pessoas que programavam batizar seus filhos ou fazer a confissão este ano no Santuário do Muquém –  bem como aos fiéis que, todo ano, reúnem algumas economias para colocar no cofre junto à fita que ornamenta a imagem da santa no dia 15 de agosto – para orientar que essas situações de fé, muitas delas formalizadas através de promessas, serão realizadas quando a pandemia acabar.

“Por favor, venham em outro tempo. Nossa romaria já passou por muitas guerras; muitas outras pandemias; por muitas outras reformas; e por inúmeros acontecimentos; mas existe até hoje. E enquanto Deus e Nossa Senhora da Abadia estiverem nesse lugar [o Santuário do Muquém] a romaria sempre existirá.”, comentou padre Aldemir.

Veja também

Botão Voltar ao topo