Ações agroecológicas da Coopeag reforçam defesa da fauna, flora, matas e rios em parceria com Anglo American, Ibama e demais parceiros em Niquelândia
Entidade presidida por Manoel Alves Gomes Júnior realizou, na sexta-feira/11, atividade denominada “Vivência em Agroecologia”: Sítio Bagagem, que pertence a Manoel, produz mudas de plantas nativas do Cerrado e abriga, em parceria com o Ibama, animais silvestres ameaçados de extinção que, uma vez recuperados, são devolvidos à Natureza

Com apoio da Anglo American e alicerçada na temática “Vivência em Agroecologia”, a Cooperativa Agroecológica dos Produtores Familiares de Niquelândia (Coopeag) realizou, na última semana, uma série de atividades de conscientização sobre a importância da preservação da fauna, da flora, das matas e dos cursos d’água no entorno da cidade do Norte do Estado, objetivando a redução dos impactos ambientais.
“Cada dia mais nós precisamos pensar como queremos deixar esse nosso planeta para os nossos sucessores porque a fome, o fogo e a seca fazem parte de um modelo de produção que não funciona mais. Tivemos uma doença avassaladora como a Covid-19, que não respeitou pobres, ricos, pretos e brancos. A fumaça das queimadas não respeita ar-condicionado, não respeita casas, não respeita apartamentos. Ou nós mudamos nosso jeito de produzir e de viver, ou estaremos fadados ao fracasso”, afirmou o agricultor e presidente-fundador da entidade desde 2017, Manoel Alves Gomes Júnior.

Na propriedade rural que era utilizada pela família de Manoel Júnior nos festejos do Muquém – hoje sob responsabilidade direta do presidente da Coopeag – são fabricados produtos agroecológicos como café artesanal, polpas de frutas, mel e ovos caipiras, devidamente consorciados com gado leiteiro, peixe e aves.

Há dois anos, também com apoio da Anglo American, a Coopeag inaugurou a “Casa da Agricultura Familiar”, na região central de Niquelândia, para a comercialização dos produtos já citados e de outros, como queijo, leite, panificados, farinha, polvilho, rapadura, pão de queijo, biscoito de queijo congelado, doces, licores, iogurte e açafrão, dentre outros, além de peças de artesanato.

“Em 2016, com o fechamento da Votorantim Metais, iniciamos um projeto de produção sustentável, com menor impacto ambiental. Na época, trouxemos um curso de agropecuária em que as aulas práticas dos alunos eram realizadas aqui no Sítio Bagagem, junto com o estágio. Isso foi crescendo e os alunos, que se tornaram sócios-fundadores da cooperativa, hoje são grandes produtores de mudas e dos produtos agroecológicos”, explicou o presidente da Coopeag.

Há dois anos, por iniciativa da professora Rhyllary Coelho e Silva, esposa de Manoel Júnior, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Goiás homologou oficialmente o Sítio Bagagem no rol das mais de 20 Áreas de Soltura de Animais Silvestres (Asas) existentes em várias partes do Estado.

“Com isso, a Prefeitura de Niquelândia começou a arrecadar o limite máximo de ICMS Ecológico embora ainda não exista nenhuma contrapartida do município nesse sentido, mas temos feito um trabalho com muito amor e muita dedicação”, complementou o presidente da Coopeag.

Depois, segundo ele, o Cetas realiza um minucioso trabalho para tentar devolver esses animais aos seus habitats naturais que, segundo Leo Caetano, vai muito além do simples ato de abrir a gaiola e deixar que os mesmos busquem sozinhos essa reinserção aos locais de onde jamais deveriam ter sido retirados um dia.

“Nesse sentido, a gente precisa de parcerias e de uma estrutura, como a que temos aqui em Niquelândia com o Manoel e com a Coopeag – que são ótimos parceiros – porque nos dão totais condições de fazer com que o processo de retorno desse animal à Natureza seja gradual, conseguindo assim buscar seu próprio alimento”, explicou Leo.

Ambos explicaram que os bichos localizados em todo o Estado são inicialmente encaminhados para a sede do Cetas da capital para, depois, serem encaminhados às áreas dos Cetas existentes no interior que sejam as ideais conforme o tipo e o porte do animal.

Na visão de Gabriela, a “Vivência em Agroecologia” organizada na última sexta-feira pela Coopeag foi importante pois reuniu e integrou pessoas de diversos setores – como a população em geral, proprietários rurais e representantes do setor de mineração – que precisam unir esforços e compartilhar prioridades diante do importante papel que possuem na preservação da fauna da região.

ANGLO AMERICAN TAMBÉM ENVIOU REPRESENTANTES AO EVENTO DA COOPEAG – De acordo com Adelita Quenet Camargo, gerente de Produção da Anglo American/Codemin em Niquelândia; e com André Machado, coordenador florestal do Horto Aranha (uma plantação de eucaliptos às margens da GO-237, na direção de Uruaçu, que abastece os fornos da empresa) a parceria da multinacional com a Coopeag foi consolidada há alguns anos através do Programa Embaixadores do Bem.

Segundo André, através do Embaixadores do Bem, propôs-se um projeto agroflorestal em que a escória (rejeito do processo produtivo da mineradora) fosse utilizada para reduzir a pressão sobre os recursos naturais; e também um outro projeto, que beneficiasse os agricultores, proporcionando maior geração de receita em sua propriedade.

ESCÓRIA COMO FONTE DE MAGNÉSIO – “Com o uso dessa escória, nós reduzimos a necessidade da compra de fertilizantes, como o magnésio, já que o rejeito é rico nesse produto. A partir da implantação desse projeto agroflorestal, vamos estar monitorando como será o desempenho das culturas que vamos utilizar nesse processo, como a mangaba e o caju, e o cultivo de hortaliças, aqui no Sítio Bagagem, como uma alternativa aos pequenos e médios agricultores que, às vezes, ficam focados somente num tipo de cultivo e, quando há sazonalidade de preços, acabam tendo problemas financeiros”, explicou o coordenador florestal da Anglo American.
Ainda na sexta-feira, representantes da transportadora de cargas D’ Granel oficializaram que a empresa sediada em Belo Horizonte irá custear todas as despesas da logística à venda dos produtos da agricultura familiar através da Coopeag para a Anglo American, com a finalidade de abastecer o restaurante que atende os colaboradores da planta da da mineradora na rodovia GO-532.
