Presos do regime fechado reformam escola estadual em projeto de ressocialização carcerária da UPN
Colégio Estadual Professor Joaquim Francisco Santiago - no Jardim Ipanema, onde estudam 527 alunos - foi revigorado no recesso com serviços de pintura feitos por quatro reeducandos da Unidade Prisional de Niquelândia (UPN) com autorização do Poder Judiciário: para cada três dias trabalhados, eles ganham um dia a menos na sentença

Parceria firmada entre o Colégio Estadual Professor Joaquim Francisco Santiago e a Unidade Prisional de Niquelândia (UPN), com respaldo do Poder Judiciário, garantiu o trabalho de quatro presos do regime fechado na reforma das instalações da instituição de ensino da cidade do Norte do Estado neste mês de janeiro, durante o recesso escolar.
Para cada três dias trabalhados na escola localizada no Jardim Ipanema, os reeducados ganharam um dia a menos na pena a ser cumprida na sentença que receberam do Poder Judiciário.
As ações de ressocialização fazem parte da Lei de Execuções Penais e, por isso, são aplicadas nos casos em que isso é possível pela Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), órgão ligado à Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-GO).

Divididos em quatro turmas de alunos, a extensão da escola atende 8 reeducandos conta com aulas ministradas desde 2007 pela educadora Maria da Abadia Aparecida às segundas, terças, quartas, e sextas-feiras.
Ciente de que esses detentos poderiam ser aproveitados para trabalhos em órgãos e repartições públicas, Maria das Dores requereu a cessão dessa mão-de-obra para o então juiz e diretor do Foro da Comarca de Niquelândia, Jesus Rodrigues Camargos; e para o atual diretor da UPN, Pedro Afonso Matias, no que foi prontamente atendida.

Ainda de acordo com Maria das Dores, antes das melhorias propriamente ditas, a oportunidade dada aos detentos em trabalharem por alguns dias – fora do pesado ambiente do cárcere – é uma forma deles regressarem aos poucos ao convívio social que perderam após terem se envolvido com práticas criminosas.

Segundo Pedro Afonso, quando há o ingresso de um novo detento da UPN, ele é obrigado a responder um extenso questionário sobre sua vida pregressa e, por esse documento, apura-se quais habilidades profissionais possuem afim de serem engajados em atividades como a reforma da escola do Jardim Ipanema.
Uma detenta do sexo feminino, por exemplo, foi anteriormente escalada para ser cozinheira na Delegacia da Polícia Civil. Segundo o diretor da unidade prisional, trata-se de uma tentativa de colocar esses presos em condições de futura reinserção no convívio social. Ainda de acordo com Pedro Afonso, reciclar pessoas é a grande intenção da UPN para 2019 através desse trabalho social junto à população, mas apenas com os presos que realmente provem o desejo futuro de retornar ao mercado de trabalho.

A pedido da direção da UPN, a imagem dos detentos foi preservada; e todos foram fotografados de costas quando executavam os trabalhos de reforma na escola, que foi visitada pelo Portal Excelência Notícias no último dia 18 de janeiro.
