Ligado à RCC, frei Josué reúne multidão de católicos na abertura da Festa e Novena de São Sebastião

Vigário paroquial do Santuário Jardim da Imaculada em Cidade Ocidental, Frei Josué Pereira de Souza esteve em Niquelândia na noite da sexta-feira (11) onde comandou  missa-solene com três horas de duração na abertura da Novena e Festa de São Sebastião na capela que reverencia o santo, no Bairro Soares. Sob a supervisão do Frei Gilberto de Jesus, atual pároco da Paróquia e Santuário Matriz de São José, o festejo segue até o próximo domingo (20) comandado pelo casal de festeiros Celso Pereira Salgado e Deuzilene Alves Fernandes Salgado.

Convidado por Celso e Deuzilene, frei Josué matou a saudade do povo católico da cidade do Norte do Estado onde foi vigário paroquial da Igreja Matriz há cerca de 20 anos. Integrante da Ordem dos Frades Menores Conventuais, o religioso é o atual vigário do Santuário Jardim da Imaculada em Cidade Ocidental. No município do Entorno do DF, que está na área de abrangência da Diocese de Luziânia, frei Josué celebra missas somente aos domingos quando é possível sua presença naquela localidade.

Dada sua formação no Ministério de Cura e Libertação e a popularidade atingida após celebrar missas televisionadas pela Comunidade Canção Nova no interior paulista, o religioso possui licença especial da Diocese de Luziânia para viajar por todo o País em atividades missionárias da Renovação Católica Carismática (RCC).

Na missa em Niquelândia, frei Josué fez um profundo e reflexivo ato penitencial para que os fiéis refletissem sobre suas culpas; e realizou um momento de intensa libertação. Ao final da missa, jogou dezenas de rosas que ornamentavam o altar em direção aos fiéis, que literalmente disputaram a oportunidade de levar uma lembrança da celebração para casa; e jogou um recipiente de água benta no público, em ato que se tornou popularmente conhecido através do padre Marcelo Rossi, em SP.

Depois, frei Josué concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal Excelência Notícias na estrutura de acolhimento aos religiosos-convidados que foi montada pela Pastoral da Comunicação (Pascom) no interior da Capela São Sebastião.

Na ocasião, o religioso detalhou a missão desempenhada pela RCC; estabeleceu diferenças pontuais entre missas de cura e libertação com atividades de exorcismo; criticou ‘seitas’ que arregimentam pessoas para conseguir dinheiro fácil com a indevida exploração da fé; e agradeceu a oportunidade de voltar a Niquelândia para a celebração, a convite de Frei Gilberto. Confira a íntegra da entrevista com Frei Josué, a seguir:

Portal Excelência Notícias – Durante sua homilia e também em alguns momentos da celebração eucarística, o senhor fez referências e críticas indiretas a outras religiões. Nesse sentido, a Renovação Carismática Católica (RCC) tem sido útil à Igreja Católica no resgate de fiéis que haviam migrado para denominações evangélicas?

Frei Josué Pereira de Souza – A Renovação Carismática é um movimento que, dentro da Igreja, completou 50 anos de existência em 2017. Mas sempre foi uma espécie de corrente espiritual dentro da Igreja. Só que era restrito a poucas pessoas. A partir do Concílio Vaticano II (em 1961), houve um novo Pentecostes, quando se renovou muito a Igreja.  A Igreja se abriu para os novos tempos, sem perder o que ela tem de eterno em sua doutrina. E isso foi feito com novos métodos, com novo ardor, de uma forma de tentar alcançar mais as pessoas. Não só aquelas que estavam em outras religiões, mas também aquelas pessoas que, mesmo sendo católicas, não participavam da Igreja. Então, a RCC faz parte desse ‘novo’ na Igreja com um reflorescimento, tendo como exemplos disso as Jornadas Mundiais da Juventude, com muita gente regressando à Fé Católica.

Excelência Notícias – Dada sua eloquência e facilidade de comunicação com os fiéis carismáticos, o senhor comanda com alguma frequência celebrações para um grande número de fiéis, de todas as partes do Brasil, que se deslocam até a Comunidade Canção Nova em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. Como está sendo a experiência de realizar este trabalho missionário pelo País?

Frei Josué – Nós sempre vamos pregar lá (na Canção Nova) porque é um meio de comunicação da Igreja que alcança o Brasil além-Brasil. Graças a Deus, tenho tido a oportunidade de celebrar esse Ministério de Pregação, de Oração Pelos Enfermos; e nós, enquanto padres, temos que usar os dons que Deus nos deu, a serviço do povo da nossa Igreja.

Excelência Notícias – Existe ainda muita confusão entre as pessoas em relação ao Ministério de Cura e Libertação que o senhor professa, em relação a atos de exorcismo, que são vistos frequentemente em outras religiões?

Frei Josué – O exorcismo é uma coisa bastante particular dentro da Igreja Católica, mas existe realmente certas confusões sobre o assunto, por falta de conhecimento. O exorcismo, dentro da Igreja, é algo raríssimo. Em cada diocese, existe um único padre – geralmente com mais idade, escolhido pessoalmente pelo bispo – que, por ser muito espiritual, possui afinidade com esses casos de possessão diabólica. Mas eu digo, de antemão, que esses casos são muito raros. O que acontece às vezes, dentro da Renovação Carismática, que faz as pessoas se confundirem, são as Orações de Cura e Libertação que realizamos para pessoas que estão perturbadas, não apenas do ponto de vista psiquiátrico, mas também sofrendo com perturbações espirituais. São pessoas confusas, precisando do nosso auxílio, muitas vezes porque passaram por outras religiões; e depois ficam suscetíveis a essas manifestações (de possessão). Então, nós oramos por essas pessoas e, graças a Deus, elas são libertas em nome de Jesus.

Excelência Notícias – As Igrejas Pentecostais, de alguma forma, tem deturpado esse tipo de trabalho para dar o livramento às pessoas com algum tipo de perturbação espiritual?

Frei Josué – Não, pois vejo que há espaço para todo mundo. Até mesmo por uma orientação do Papa Francisco, de que temos que ter um respeito com todas as igrejas cristãs. Agora, temos de muito cuidado com as seitas que, muitas vezes, enganam o povo; e que são uma coisa muito financeira, usando da boa fé das pessoas. Isso é terrível. “Recebei de Graça, e de Graça Deveis Dar” (Evangelho de São Mateus). O dinheiro nunca pode ser envolvido em Religião, porque isso gera muita confusão.

Excelência Notícias – Em vários momentos da sua celebração, o senhor demonstrou grande satisfação de poder estar aqui em Niquelândia, na abertura desta Novena de São Sebastião. Antes da nossa conversa, já após a missa, foi possível notar o grande carinho dos fiéis católicos da cidade para com sua pessoa. Qual é o seu sentimento pelo nosso povo?

Frei Josué – Para mim, foi um prazer e uma alegria imensa. Sabe, quando você se sente em casa, diante de um povo que você ama, diante de um povo que fez parte da sua história? O povo de Niquelândia é o meu primeiro amor, que não sai do meu coração, que a gente nunca esquece. Então, para mim, voltar para Niquelândia é um regresso ao início de tudo, ao essencial, à simplicidade. Porque não adianta ter um nome, isso ou aquilo, mas o importante sim é ser fraterno, simples e também cultivar essas relações tão boas e tão eternas que Deus nos dá, como foi comigo aqui em Niquelândia. E a manifestação das pessoas aqui fora, após a missa, é recíproca. Deus tem me dado essa graça, desde o começo da minha vida sacerdotal. Não porque eu sou bom, não. Mas porque é uma graça de Deus poder amar, cuidar e querer ajudar as pessoas. Esse é o sentimento que move meu coração.

Excelência Notícias – E, naturalmente, diante disso tudo, o convite do Frei Gilberto para estar em Niquelândia deve ter sido motivo muita satisfação para o senhor.

Frei Josué – Sim, porque o Frei Gilberto é um grande amigo, um grande irmão, como todos os demais confrades que estão hoje aqui na cidade. Frei Gilberto já tinha me feito esse convite por várias vezes, mas, por causa de outros compromissos, não pude estar presente. Mas, agora, aproveitei que havia um espaço na minha agenda de viagens e aqui estive, com muita alegria.