Niquelândia

Leishmaniose visceral canina: Vigilância Sanitária de Niquelândia registrou 137 casos da doença em pouco mais de três anos

Doença que atinge animais - e também humanos, através do mosquito palha - requer uma série de cuidados e ações preventivas constantes da Secretaria Municipal de Saúde: cães são o principal hospedeiro do parasita nas zonas urbanas e rurais

Entre 2022 e os três primeiros meses de 2025, a Vigilância Sanitária de Niquelândia registrou 137 casos de leishmaniose visceral canina, sendo que a maior parte dos animais infectados encontrava-se em situação de abandono pelas ruas da cidade. Desse total, 46 cães sem donos precisaram ser submetidos à eutanásia, já que a doença não tem cura.

A preocupação se justifica, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, por tratar-se de uma zoonose que oferece risco de contágio para animais saudáveis e também para seres humanos, já que o Brasil faz parte de um grupo de seis países que concentram 90% dos casos de leishmaniose visceral.

Para reduzir o número de cães abandonados pelas ruas de Niquelândia, a intenção prefeito Eduardo Moreira (Novo), é viabilizar a construção de um Canil Municipal inspirado no modelo implantado pela Prefeitura de Alto Horizonte, mas a iniciativa ainda está em fase de projeto.

O QUE É A LEISHMANIOSE – A leishmaniose é uma doença causada pelo protozoário Leishmania, cujo vetor de transmissão é o mosquito palha (pela sua coloração clara), pequenos e que se desenvolvem em locais úmidos onde há acúmulo de lixo.

Segundo o veterinário Diorge Carvalho Santiago, o cachorro é o principal hospedeiro do parasita nas zonas urbanas e rurais; podendo transmitir a leishmaniose para a população por meio da picada do mosquito infectado com o protozoário.

Os principais sintomas da leishmaniose nos cachorros são emagrecimento, queda de pelos, crescimento das unhas, feridas no focinho, boca, orelhas ou patas.

Diorge, Ana Beatriz e Helio detalharam as ações tomadas pela Vigilância Sanitária e pela Vigilância Epidemiológica sobre o contágio por leishmaniose em cães e em seres humanos em Niquelândia: eutanásia nos bichinhos é medida extrema, adotada em último caso [Foto: Excelência Notícias]
Através da coleta de sangue, a Vigilância Sanitária de Niquelândia faz um teste rápido pois, uma vez diagnosticado com a leishmaniose, a doença não tem cura. Isso permite que o animal seja sacrificado mediante aplicação prévia de anestesia.

A Lei Federal nº 14.228/2021 ampara o veterinário a fazer tal procedimento nessa circunstância e também, por exemplo, nos casos de animais atropelados, com sérios ferimentos, para não deixar o animal sofrendo, sem amparo.

Depois de sacrificado, a Vigilância Sanitária encaminha a carcaça do animal para o aterro sanitário (“lixão”) nas proximidades da BR-414, onde é depositado num espaço específico daquela área.

Vale salientar que essa mesma legislação proíbe a realização da eutanásia em qualquer animal doméstico que esteja em condições saudáveis.

Em situações de contágio por leishmaniose em cães em que haja a existência de um tutor, este precisa assinar um termo de autorização por escrito ao procedimento. Porém, a maioria dos proprietários optou por ofertar o tratamento aos seus animais de estimação.

CUIDADOS PARA EVITAR A PROLIFERAÇÃO DO MOSQUITO PALHA –  “Cada morador de Niquelândia – tanto da cidade como da zona rural – deve fazer a limpeza no seu quintal, no galinheiro, ou no chiqueiro, impedindo a proliferação desse mosquito”, afirmou o coordenador da Vigilância Sanitária de Niquelândia, Hélio Luís Gomes.

Ele relatou também que o índice de transmissão da leishmaniose visceral canina aumenta nos períodos de maior frutificação dos pés de manga e de pequi, pois os quintais ficam mais sujos e úmidos, resultando então na proliferação do mosquito palha.

Hélio Gomes, da Vigilância Sanitária de Niquelândia: proliferação do mosquito transmissor da doença aumenta nos períodos de maior frutificação dos pés de manga e de pequi, quando quintais ficam mais sujos e úmidos [Foto: Excelência Notícias]
O trabalho da Vigilância Sanitária é feito durante todo o tempo, orientando a população niquelandense em palestras nas escolas e também através de campanhas educativas de conscientização, a exemplo do que já ocorre no combate do mosquito transmissor da dengue.

CASOS DE LEISHMANIOSE EM HUMANOS –  Com base nas informações disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Niquelândia, Ana Beatriz Ribeiro Silva Rocha Vidal, informou que 17 casos de leishmaniose tegumentar foram diagnosticados na cidade em 2017. Igualmente transmitida pelo mosquito palha, a doença caracteriza-se por feridas na pele, nas partes descobertas do corpo.

Em função das ações de conscientização, os números foram caindo: em 2024 foram registrados 8 casos. Já neste ano de 2025, 3 casos foram notificados até o momento, somente em pacientes que procuraram atendimento médico nas UBS da cidade.

Após isso, indica-se ao paciente que faça alguns exames como um eletrocardiograma e, através da abertura de um processo junto à Secretaria Estadual de Saúde, o médico determina qual medicamento será indicado ao tratamento, de acordo com o diagnóstico.

Mosquito-palha, transmissor da leishmaniose [Lutzomyia longipalpis. Foto: Ray Wilson, Liverpool School of Tropical Medicine [CC-BY-2.5], via Wikimedia Commons]

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