Polícia Civil abre inquérito para investigar autoria e divulgação de vídeo que falseou imagem e voz do prefeito de Niquelândia para difamar gestão
Gerson de Sousa, delegado da PC local, disse que o caso é “grave” pois pessoas simples podem realmente pensar que Eduardo Moreira foi o responsável por gravar o conteúdo: chefe do Executivo defende apuração rigorosa para punir aqueles que buscam macular a credibilidade da atual administração municipal
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O delegado-titular da Delegacia da Polícia Civil de Niquelândia, Gerson José de Sousa, instaurou inquérito policial na manhã desta segunda-feira/17 para apurar a denúncia feita pelo prefeito Eduardo Moreira (Novo) sobre a existência de um vídeo que falseou sua voz e sua imagem com uso de recursos de inteligência artificial, dando a entender que o chefe do Executivo estaria criticando os rumos da própria gestão iniciada há 45 dias.
Eduardo procurou a autoridade policial no final da tarde da sexta-feira/14, mas o vídeo fantasioso começou a circular nas redes sociais e grupos de WhatsApp da cidade do Norte do Estado por volta das 15 horas da quinta-feira/13, quando o prefeito e a primeira-dama Claudia Moreira estavam em viagem à capital federal.
Como se sabe, desde que tomou posse no dia 1º de janeiro, o atual prefeito de Niquelândia abriu uma comunicação direta e praticamente diária com a população do município, através de transmissões ao vivo em sua página no Instagram, em que detalhou os problemas herdados da administração anterior e as soluções por ele tomadas à resolução das demandas noticiadas.
O QUE DISSE O PREFEITO – “Esse material – feito com declarações que jamais proferi – distorce a realidade ao apontar problemas da cidade ao sugerir, de forma maliciosa, que a única resposta que eu teria dado às tais questões seria apenas a gravação desses conteúdos audiovisuais. Ou seja, trata-se de uma tentativa orquestrada de manipulação da opinião pública, com o claro propósito de abalar a minha credibilidade perante os cidadãos niquelandenses; de enfraquecer a confiança da população em nossa gestão; e de comprometer a ordem pública ao espalhar desinformação de forma deliberada”, afirmou o prefeito de Niquelândia quando do encontro com a autoridade policial, na última sexta-feira.
Segundo o delegado Gerson de Sousa, o avanço tecnológico tem permitido o aperfeiçoamento dos “meios de desinformação”, de tal forma que o uso das ‘deepfakes’ (o vídeo montado com a imagem e voz do prefeito) representa uma grave ameaça à integridade das instituições democráticas e também serve para, como o próprio chefe do Executivo afirmou, fragilizar a relação de transparência e de confiança que a Prefeitura de Niquelândia está buscando construir entre a administração pública e a população local.
Ainda de acordo com a autoridade policial, a gravação e a disseminação do vídeo – prints com o número do celular de várias pessoas que divulgaram o conteúdo em grupos de WhatsApp já foram anexados ao inquérito policial – implicam no cometimento de crimes de falsa identidade, pelo uso indevido da imagem e da identidade do prefeito de Niquelândia em material manipulado por uso de tecnologia de inteligência artificial; de difamação, pela atribuição de fatos inverídicos e desonrosos à reputação do atual gestor municipal; e do uso ilícito de dados para criar, disseminar e amplificar conteúdo que dissemina desinformação, estes últimos previstos no Marco Civil da Internet.
A PALAVRA DO DELEGADO – “Formalizamos hoje a abertura do inquérito policial e estamos preparando as intimações para dar uma resposta à sociedade no prazo mais breve possível. É interessante que a comunidade saiba – principalmente os incautos – que passam para a frente (compartilham) uma ‘brincadeira’ dessa, que isso é crime. Uma pessoa sem experiência no assunto pensa que isso é verdade, que é o prefeito mesmo que está falando. Quem replica comete o mesmo crime de quem produz esse tipo de material”, advertiu a autoridade policial.
Ainda de acordo com o delegado de Niquelândia, trata-se do primeiro caso concreto na cidade em que a imagem e a voz de uma figura pública é reproduzida de maneira enganosa através dos recursos de inteligência artificial.
Gerson de Sousa lembrou do caso do “Anônimo” – posteriormente identificado pela PC local como sendo Yuri Martins Domingos dos Santos que usava uma máscara e a inteligência artificial para distorcer sua voz, entre fevereiro e março do ano passado.
Segundo o delegado, da mesma forma que identificou o “anônimo”, a Polícia Civil do Estado de Goiás possui aparato técnico para tentar identificar o autor – ou autores – do vídeo produzido para denegrir a imagem do prefeito de Niquelândia. O material foi considerado “muito sofisticado” por Gerson, diferentemente do “amadorismo” que facilitou a localização de Yuri.
Se for necessário, afirmou ele, a PC de Niquelândia poderá solicitar apoio da Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos em Goiânia para esclarecer o caso. “A desinformação é uma arma perigosa contra a democracia e a verdade”, comentou Eduardo Moreira.