Caso Niltinho: PC aponta possíveis motivações para assassinato de contador em Niquelândia
Exames realizados no IML de Uruaçu apontaram que Nilton de Paula Ferreira foi enforcado com um cinto, antes de ter o corpo parcialmente queimado: delegado acredita em motivação passional ou patrimonial para o crime que chocou a cidade do Norte do Estado, no último sábado/21
Titular das delegacias da Polícia Civil em Campinorte e em Mara Rosa, o delegado Sandro Leal Costa respondia pelo plantão da PC em Niquelândia na tarde do último sábado (21) quando o contador Nilton de Paula Ferreira, de 41 anos, foi achado morto em sua casa no Bairro Soares. Ele foi brutalmente assassinado.
Pouco tempo antes, seu veículo foi encontrado totalmente carbonizado numa área de mata no início da GO-237/Rodovia da Fé, na saída para o Povoado Muquém.
“Atendi essa ocorrência na condição de delegado-plantonista e, juntamente com a equipe em serviço no último final de semana em Niquelândia, trocamos informações sobre a vida pregressa e ocorrências anteriores relacionadas com a vítima para que pudéssemos traçar as primeiras linhas de investigação com o intuito de chegarmos aos possíveis autores. Foram coletados vários elementos e agora a PC aguarda o laudo da Polícia Técnica, de Uruaçu”, comentou o delegado Sandro Costa, em entrevista por telefone ao Portal Excelência Notícias na tarde da segunda-feira/23.
De acordo com a autoridade policial, exames realizados no cadáver da vítima no Instituto Médico Legal (IML) em Uruaçu ainda na noite do dia crime apontaram que ‘Niltinho’ – como o contador era conhecido – foi morto por asfixia, estrangulado com o uso de um cinto.
“Num primeiro momento, trabalhamos com duas linhas de investigação: a primeira delas é a de crime passional, pois existe o indicativo de que a vítima esteve na companhia de alguém na casa dele, antes de ser morto; e estamos investigando quem seria essa pessoa que esteve com ele; e também uma outra linha, de motivação patrimonial, uma vez que a vítima teria algum dinheiro guardado em casa, o que também poderia ser objeto de desejo do assassino. Acredito que, ao longo dessa semana, com a oitiva das testemunhas, a investigações deverão evoluir até chegarmos ao autor desse crime”, detalhou o delegado.
Além disso, como já era de conhecimento público, o corpo do contador estava seminu, quando foi encontrado no quintal da casa por familiares; e foi parcialmente queimado – na região do tórax, pescoço e rosto – com o uso de uma coberta em combustão com algum líquido inflamável.
Todavia, apesar dos requintes de crueldade que denotariam um possível crime de intolerância pela orientação sexual de Nilton de Paula Ferreira, o delegado Sandro Leal praticamente descartou que o assassinato tenha ocorrido por homofobia.
“Por enquanto, eu não vi nenhum elemento homofóbico que aponte que ele tenha sido morto, eventualmente, por sua condição homossexual. Tudo indica que, conforme eu já disse, tenha sido um crime passional decorrente de um relacionamento com outra pessoa do mesmo sexo; e pelo dinheiro que ele guardava em casa”, afirmou a autoridade policial.
Ainda no sábado, a PC localizou o celular de Niltinho com um adolescente de 14 anos, sem relação com o crime, na segunda etapa do Jardim Atlântico, ao tentar fazer contato com o contador antes da notícia do encontro do cadáver.
O garoto achou o aparelho num caminho estreito de um terreno, soando o alarme, o que chamou a atenção dele e de outras crianças.
ENTERRO FOI NO DOMINGO – Dada a violência do crime, o corpo de Niltinho foi velado em caixão fechado na sede da Funerária Serpos até às 11 horas do domingo/22, sendo sepultado sob um misto de revolta, aplausos e grande comoção de amigos, familiares e pessoas próximas do contador por volta das 12h10, no Cemitério Municipal São José.
Antes do derradeiro momento, houve uma breve parada defronte à Igreja de Santa Efigênia com homenagem de um grupo de congos ao contador, que presidia a Associação Comunitária de Santa Efigênia.
Niltinho era um entusiasta das tradições culturais e religiosas celebradas pelos afrodescendentes há quase 300 anos no município do Norte do Estado.
A entidade respondia pela organização e arrecadação de recursos à realização da tradicional Congada de Santa Efigênia, defronte à igreja de mesmo nome, no feriado municipal de 25 de julho.
As apurações sobre a morte do contador Nilton de Paula Ferreira terão forte incremento a partir de hoje, quando o delegado-titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Niquelândia, Cássio Arantes do Nascimento, assume a condução do inquérito policial. Ele estava de folga, ausente da cidade do Norte do Estado, no último final de semana.