Niquelândia

Presidente da Associação Comunitária de Santa Efigênia lamenta cancelamento da festa pelo segundo ano seguido

Nilton de Paula Ferreira tinha expectativa de que a tradicional congada fosse realizada esse ano caso a vacinação contra a Covid-19 estivesse mais adiantada nesse mês de julho: preocupação com a saúde dos congos mais idosos prevaleceu

Pelo segundo ano consecutivo, por conta da pandemia da Covid-19, a tradicional Congada de Santa Efigênia deixará de ser realizada em Niquelândia no feriado municipal dedicado à santa, no próximo dia 25 de julho. A última edição do evento religioso e cultural aconteceu em 2019 na Praça Santa Efigênia.

Como se sabe, no dia 24 de junho daquele ano, foi realizada a tradicional a Capina do Largo de Santa Efigênia diante da igreja construída por escravos em 1790, surgida como um centro religioso que pudesse ser frequentado por negros.

Outros momentos importantes da festa, ao longo de toda a sua história, foram o levantamento do mastro da santa; o cortejo; a procissão; as missas; e os almoços de confraternização oferecidos pela imperatriz e o imperador de Nossa Senhora do Carmo.

Dez festeiros – sendo cinco de Santa Efigênia e cinco de Nossa Senhora do Carmo – sempre trabalharam de maneira árdua na organização do evento.

A Irmandade de Santa Efigênia, popularmente conhecidos como “congos”, representa a influência da cultura africana na tradição com suas roupas brancas em homenagem à santa, com um lenço branco na cabeça, preso com uma faixa decorada com medalhas de santos.

Atualmente, o presidente da Irmandade é o empresário Almir Pedroso e Silva. Junto com ele, trabalham os chefes dos congos João Santana e Valdino Fernandes Pimentel.

Quem também sempre participa ativamente da festa, mas de forma subordinada à Irmandade, é a Associação Comunitária de Santa Efigênia.

Entidade com fé pública inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), a associação é a responsável pelas movimentações financeiras e buscas de parcerias necessárias à festa, todos os anos.

O presidente da entidade, Nilton de Paula Ferreira, disse ao Excelência Notícias nesta quinta-feira (1º/7) que a não-realização de uma festa tradicional, com quase 300 anos de existência, é uma perca muito grande para a cultura de Niquelândia; e também motivo de muita tristeza para todos os componentes da Irmandade e dos organizadores de uma forma geral.

Segundo Nilton, havia muita expectativa que a festa pudesse ter sido realizada em 2021, mas que isso acabou não sendo possível por conta do atraso na distribuição das vacinas pelo governo federal principalmente pelo número muito grande de pessoas idosas, originárias de quilombolas, que participam da Congada de Santa Efigênia.

“A festa é uma das mais tradicionais e antigas não só do nosso município, mas também do nosso Estado. Porém, não poderíamos contar a vida deles [dos idosos] em risco. A congada de Niquelândia, vale dizer, é uma tradição surgida no quilombo do Xambá, aqui na região. É muito triste, pelo segundo ano seguido, não termos a festa. A cidade toda perde com isso [o cancelamento] e nós também, que somos devotos de Santa Efigênia”, comentou o presidente da associação.

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