CoronavírusNiquelândia

Niquelândia em alerta máximo após 1ª morte suspeita e 25 novos casos de Covid-19 em apenas seis dias

"Não existe mais 'aglomeraçãozinha' sem risco", alerta o médico e diretor-clínico do Hospital Municipal Santa Efigênia, Gledson Maia, sobre o agravamento da situação da pandemia na cidade do Norte do Estado: número de infectados subiu para 54, nesta sexta-feira/26

A primeira morte por suspeita do novo coronavírus em Niquelândia ocorrida na madrugada da sexta-feira (26) – um idoso com cerca de 80 anos, que era dono de um pequeno comércio na Praça do Tucunaré Azul – acendeu o alerta máximo na Secretaria Municipal de Saúde da cidade do Norte do Estado, que registra seguidos aumentos no número de pacientes infectados a cada dia.

Não houve velório, em função do risco de contágio. O enterro do idoso ocorreu em caixão lacrado no Cemitério São José, na Vila Mutirão, poucas horas após a confirmação do óbito.

Três pessoas de Niquelândia estão internadas em Goiânia: uma idosa de 74 anos, removida na semana passada para o Hospital de Campanha (HCamp) do Governo do Estado, que segue entubada em estado grave; um feirante de idade não revelada – que respira sem ajuda de aparelhos – internado em hospital particular; e um segundo homem, de 43 anos, demais informações não-divulgadas.

Uma quarta pessoa – uma idosa de 90 anos, que estava internada em isolamento no hospital municipal – foi transferida na tarde desta sexta-feira para o Hospital de Campanha de Porangatu, segundo a secretária Cida Gomes.

CRESCIMENTO DESENFREADO – Niquelândia agora registara 54 casos confirmados de Covid-19, conforme o segundo Boletim Epidemiológico divulgado hoje pela Saúde do município, às 22h40 desta sexta/26.

Ou seja, um acréscimo de sete novos casos em relação ao primeiro boletim – divulgado horas antes, às 14h30 – quando a cidade já contabilizava 47 casos positivos do novo coronavírus.

Dessa forma, somados os dois boletins, em 24 horas a cidade contabilizou 10 novos casos de Covid-19 em relação ao boletim divulgado às 19h35 da quinta-feira/25, quando Niquelândia já tinha 44 confirmações de contaminação pela doença.

No dia anterior – na quarta-feira/24 – o município havia chegado a 43 casos da doença, ocorrendo assim um acréscimo de seis novos casos, em relação aos 37 assinalados no boletim emitido às 19h45 da terça-feira/23.

Na segunda-feira/22, às 19h35, o boletim divulgado pela Prefeitura de Niquelândia confirmava um total de 33 casos, quatro mais que os 29 apontados no boletim liberado na noite do domingo/21.

Isso posto, considerando-se o total de 54 casos confirmados nesta sexta-feira, Niquelândia registrou 25 novos casos num intervalo de apenas seis dias.

Foi um novo recorde em relação à semana anterior quando o número de casos havia saltado de 11 [na segunda-feira, dia 15] para 29 em apenas sete dias, com o acúmulo de 18 confirmações.

SITUAÇÃO PREOCUPANTE – “Não é o quadro que nós, da Comissão de Enfrentamento à Pandemia – juntamente com o prefeito [Fernando Carneiro, PSD] – desejávamos para Niquelândia. Mas, infelizmente, isso [o surto de Covid-19] está acontecendo aqui sim e pode até aumentar ainda mais, nas próximas horas. Estamos vivendo uma situação bastante preocupante; e a população precisa nos ajudar com o isolamento social e medidas de prevenção, para que nossa realidade não piore ainda mais. Porém, infelizmente existem pessoas que não estão levando a doença a sério”, comentou a secretária de Saúde de Niquelândia, em entrevista à Rádio Mantiqueira 92,3 FM, ainda na manhã da sexta-feira/26.

Por conta dessa situação, a Prefeitura de Niquelândia divulgou um novo decreto proibindo a realização de todas as feiras livres da cidade por tempo indeterminado, até que a situação esteja novamente sob controle.

De acordo com o diretor-clínico do Hospital Municipal, Gledson Maia, a prova de que não era apenas alarde exagerado dos órgãos oficiais de Saúde, em nível estadual e municipal, ocorreu em apenas três semanas em Niquelândia, quando a cidade ainda registrava apenas três casos da doença.

Segundo ele, a saturação do sistema de Saúde Pública em Goiás já é um fato totalmente constatado, tanto é que a prefeitura precisou aguardar mais de 24 horas para a remoção da idosa de 90 anos para um Hospital de Campanha pela falta de vagas nesses locais adaptados exclusivamente para pacientes contaminados pela Covid-19.

CIDADE VIVE PICO DA DOENÇA – “Foram feitas muitas críticas à administração municipal quando o comércio foi fechado [em todo o Estado, por ordem do governador Ronaldo Caiado, em março]. Porém, essa foi uma decisão acertada do governador e do prefeito [que emitiu decreto municipal semelhante] naquela ocasião, que serviu para postergar o pico da doença que estamos vivendo hoje. Estamos caminhando para a necessidade fazer isso [fechar o comércio] novamente. Chegou a hora de todo mundo entender que não existe mais ‘aglomeraçãozinha’ sem riscos”, afirmou o médico.

Em Niquelândia, o exemplo que Gledson Maia citou trata da contaminação de todas as pessoas de uma mesma família – moradores da mesma casa – que foram confirmadas com a doença após realizarem uma ‘festinha’ de aniversário com apenas dois convidados que não habitam o mesmo local.

CHEGA DE JANTINHAS INOCENTES – “Estamos num período de contaminação comunitária, num pico crescente. Todos nós, qualquer um de nós, podemos estar portando esse vírus. Por isso, não existe mais ‘jantinha inocente’ em família. A população precisa entender, de uma vez por todas, que isolamento social é cada um na sua casa; e não se distanciar da própria família indo para festinhas e resenhas clandestinas na casa dos outros”, completou o diretor-clínico do Hospital Municipal Santa Efigênia, também por ocasião ao repórter Odair José, da Rádio Mantiqueira 92,3 FM.

 

 

Veja também

Botão Voltar ao topo