“Celebramos curas e alívio do sofrimento diariamente”, afirma diretor do Hospital do Câncer Francisco Camargo durante 4º Leilão Solidário em Niquelândia
O diretor-geral do Hospital de Câncer Francisco Camargo de Inhumas, Wagner Miranda, esteve em Niquelândia no último domingo/16, no Tatersal JPS Leilões, por ocasião da realização do 4º Leilão Solidário da cidade do Norte do Estado em prol da continuidade das obras de construção do complexo localizado na região metropolitana de Goiânia que, quando concluído, terá 720 leitos. Por cerca de um mês, a coordenadora de leilões do HC Francisco Camargo, Aliny Guimarães Oliveira e a servidora pública da Prefeitura de Niquelândia, Adrilene Onofre, percorreram estabelecimentos comerciais e buscaram apoio do empresariado local à arrecadação de novilhas, bezerros e todo e qualquer tipo de prenda que pudesse ser leiloado durante o evento no final de semana. Aliny e Adrilene garantiram, também, doações à realização de um almoço farto e totalmente gratuito às cerca de 300 pessoas que compareceram no recinto da JPS Leilões. Nesta quarta-feira (19), Aliny informou ao Excelência Notícias que foram arrecadados cerca de R$ 190 mil no leilão realizado em Niquelândia. Pai dos sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano, Francisco Camargo morreu em novembro de 2020 aos 83 anos, vitimado por um câncer de próstata, sendo assim homenageado com a denominação do hospital. Por conta disso, Zezé tornou-se embaixador da obra em Inhumas. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva com o diretor do HC Francisco Camargo, durante sua visita em Niquelândia:
Portal Excelência Notícias – Como surgiu a ideia de construir o Hospital do Câncer Francisco Camargo em Inhumas?
Wagner Miranda – Em meados de 2014, publiquei um edital conclamando pessoas da comunidade — da saúde ou não — para criarmos uma associação voltada a atender pessoas vítimas de câncer ou com suspeita da doença. Sou cirurgião do aparelho digestivo há quase 40 anos, e sempre vivi a realidade de pacientes que nos procuram buscando diagnóstico, tratamento ou esclarecimento. A maioria das famílias no nosso estado tem alguém nessa condição. E os profissionais sabem bem: sempre se falava de Barretos (SP), mas nenhum hospital fora do Estado reserva sequer 1% dos seus atendimentos para Goiás. No nosso Estado, e no Brasil de forma geral, é uma frustração enorme não ter portas de atendimento gratuitas, adequadas e com capacidade para absorver a demanda. Diante disso, criamos a Associação para o Cuidado de Câncer em Goiás, com o objetivo de construir um hospital para atender quem não pode pagar. Médicos, enfermeiros, jornalistas, advogados, donas de casa… a comunidade inteira se aglutinou. Assim nasceu o Hospital do Câncer Francisco Camargo.
Wagner – É um projeto complexo, elaborado por profissionais altamente preparados. Hospitais e aeroportos são as obras mais complexas que existem. Então pedimos estudos técnicos para projetar algo completo, sem necessidade de ampliações posteriores. A pedra fundamental foi lançada há quatro anos e dois meses. Estamos concluindo uma nova etapa da obra agora em janeiro. Todo esse custeio até hoje é feito exclusivamente pela comunidade, empresas e instituições privadas. Em fevereiro será instalado um tomógrafo de última geração, já comprado e pago, por meio de um programa do Ministério Público de Goiás (MPGO), cujos representantes fizeram uma visita institucional às nossas instalações no último mês de julho.
Excelência Notícias – Quando deve ocorrer a conclusão total da obra de construção desse hospital?
Wagner – Nós temos um planejamento estratégico, mas dependemos exclusivamente do que recebemos. Como não temos “contas a receber”, então é difícil prever finalização. Ajustamos o planejamento conforme temos benevolência financeira — como este leilão de Niquelândia. Tudo que estou dizendo é comprovado. Quando concluído, o complexo terá 720 leitos. O hospital cresce um pouquinho todos os dias. Matamos leões hoje e deixamos outros para amanhã, mas celebramos curas e alívio do sofrimento diariamente. Há um vídeo institucional de 2021 com depoimentos reais de pacientes — é emocionante. Eu sempre digo que o Hospital de Câncer Francisco Camargo não tem dono. Ele nasceu do seio da comunidade, pertence à comunidade. Nosso propósito é estar todos os dias empenhados para ampliar nossa capacidade de atender cada vez mais pessoas vítimas dessa enfermidade ou com suspeita dela.
Wagner – Buscamos isso todos os dias e noites. O primeiro convênio com o SUS foi oficializado há dois meses; e já disponibilizamos muitos atendimentos — mesmo que ainda gere retorno financeiro irrisório, cerca de R$ 4 mil por mês. O SUS criou recentemente as OCIs (Ofertas de Cuidado Integral, Programa Mais Acesso a Especialistas, que são uma espécie de procedimentos pré-definidos para investigar condições de saúde específicas). São 29 OCIs no total. Não tenho notícia de nenhum hospital no Brasil que tenha disponibilizado todas — nós disponibilizamos as 29. No meio rural, no interior, já conseguimos comprovar tecnicamente que somos capazes, entregando 50 mil atendimentos nesses quatro anos e dois meses de funcionamento, ainda sem internação. Atualmente, fazemos consultas gerais e especializadas, a maioria dos exames laboratoriais, eletrocardiografia, mamografia, endoscopia digestiva, colonoscopia, broncoscopia, cirurgias ambulatoriais e biópsias (tireoide, mama, dentre outros), sem nenhum recurso público municipal, estadual ou federal.
Excelência Notícias – Diante dessa conjuntura, qual o tamanho da importância dos leilões realizados nos municípios do interior do Estado ao longo desses quatro anos, como esse que foi realizado no último domingo em Niquelândia?
Wagner – A maior renda para construir e manter o hospital vem justamente dos leilões como o de Niquelândia. Ou seja, são fundamentais. A comunidade de Niquelândia pode bater no peito porque a cidade está ajudando na construção e na manutenção do maior complexo hospitalar de saúde do Centro-Oeste do Brasil.
GALERIA DE IMAGENS – 4º LEILÃO SOLIDÁRIO EM PROL DO HOSPITAL DO CÂNCER FRANCISCO CAMARGO, DE INHUMAS, EM NIQUELÂNDIA
