Tradição e fé unem católicos na Capina do Largo de Santa Efigênia, em Niquelândia

Uma das mais belas tradições religiosas e culturais do Norte goiano foi celebrada nesta segunda-feira (24) em Niquelândia: a Capina do Largo de Santa Efigênia, prática ancestral que resiste ao tempo e continua emocionando gerações.

A data marca o início das comemorações de Santa Efigênia na cidade já que, no próximo dia 25 de julho, é feriado municipal dedicado à essa devoção.

Com mais de 250 anos de história, a tradição teve início no período da escravidão, quando homens e mulheres se reuniam para limpar o terreiro da Capela de Santa Efigênia.

A Capina do Largo de Santa Efigênia, hoje mantida pelos descendentes dos escravizados, é uma expressão viva de fé, devoção e resistência, que transcende o ato religioso e se afirma como um elo poderoso entre o passado, o presente e o futuro de Niquelândia — reafirmando a força da memória e da identidade cultural do povo goiano.

A programação começou logo cedo, às 7h da manhã, com a celebração da Santa Missa. Em seguida, fiéis — munidos de enxadas levadas de casa — deram início à capina do largo, retirando a vegetação seca ao redor da igreja, localizada no bairro do mesmo nome da santa.

Muitos levam o capim para casa, acreditando em seu poder de cura como “grama abençoada”. Após o trabalho coletivo, um café da manhã comunitário foi servido com apoio da Prefeitura de Niquelândia, comerciantes locais e doações da própria comunidade.Bolo, café e outros quitutes garantiram o espírito de confraternização entre os presentes.

A secretária municipal de Cultura, Cláudia Nogueira, que esteve à frente da organização do evento, ressaltou a importância simbólica e espiritual do evento para o município.

“A Capina do Largo marca o início dos festejos de Santa Efigênia como um ato de fé, uma fonte de bênçãos e milagres; É um momento de união entre as pessoas da comunidade que celebram juntas essa devoção”, afirmou a secretária.

Seu esposo e atual vice-prefeito de Niquelândia, Gervan Freitas (Novo), também esteve presente. Segundo ele, a Capina do Largo é um momento de espiritualidade, confiança e agradecimento, com enorme valor social e cultural.

“É nosso dever apoiar e manter essa tradição viva para as próximas gerações”, afirmou Gervan, que representou o prefeito Eduardo Moreira (Novo).

A Capina do Largo está oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial de Goiás pela Lei Estadual nº 21.469/22, de autoria do deputado estadual Coronel Adailton, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Ronaldo Caiado com o objetivo de preservar essa manifestação única da cultura popular goiana.

Um dos símbolos vivos dessa história é o senhor Sátiro Pedroso da Silva, de 95 anos, considerado o congueiro mais antigo da cidade. Nascido e criado em Niquelândia, ele participa da tradição desde sempre, sendo membro ativo da Irmandade do Congo e exemplo de devoção à Santa Efigênia.

Calendário dos festejos de Santa Efigênia em 2025:

• 29 de junho – Levantamento dos mastros
• 16 de julho – Início das novenas
• 25 de julho – Dança dos Congos e Missa Solene (feriado municipal em Niquelândia). [Cobertura: Patrícia Bastos (fotos e texto) sob adaptações editoriais do Portal Excelência Notícias, em Niquelândia]