Goiânia/Niquelândia

ENTREVISTA – DR. SANDRO: “Filiei-me ao MDB após duas conversas com o Daniel Vilela”, afirma pré-candidato a prefeito em Niquelândia

Ex-assessor especial de Gabinete do Prefeito exonerou-se do cargo na semana passada para seguir articulando a viabilidade de seu nome como candidato à sucessão municipal em outubro: na manhã de hoje, Dr. Sandro detalhou a atual conjuntura e seus planos futuros em longa entrevista ao Excelência Notícias

O advogado Sandro Bernardes Rocha Araújo – mais conhecido como Dr. Sandro (MDB) – concedeu sua primeira entrevista exclusiva ao Portal Excelência Notícias na qual assumiu, definitivamente, a condição de pré-candidato à Prefeitura de Niquelândia às eleições municipais deste ano na cidade do Norte do Estado. Egresso da atual administração do município – onde atuou por mais de cinco anos como assessor especial de gabinete do prefeito Fernando Carneiro (PSD) – Dr. Sandro deixou o cargo atendendo normas da Justiça Eleitoral à disputa de cargos eletivos. Se tudo correr bem, será a primeira vez que o ex-assessor especial disputará uma eleição. Na conversa por telefone na manhã desta quarta-feira/10 – quando estava em Goiânia em visita ao deputado estadual Bruno Peixoto (UB), atual presidente da Assembleia Legislativa – Dr. Sandro detalhou o caminho trilhado por ele para filiar-se ao MDB sob as bênçãos do vice-governador e presidente estadual da legenda, Daniel Vilela; e respondeu várias perguntas sobre diversos assuntos de interesse da população niquelandense. Confira, abaixo, a íntegra da entrevista com Dr. Sandro:

Portal Excelência Notícias – O senhor esteve filiado durante muitos anos no PSD, partido que foi fundado e presidido em Goiás pelo ex-deputado federal e secretário estadual Vilmar Rocha, até mesmo por uma questão de parentesco. Como é que se deu, neste ano, a filiação do senhor para o MDB em Niquelândia e lançar-se como pré-candidato a prefeito da cidade?

Dr. Sandro – Há mais ou menos um ano, nós vínhamos cogitando essa hipótese de disputarmos as eleições municipais em 2024, comigo sempre em contato com o (ex) deputado Vilmar Rocha que, até então, era o presidente do PSD em Goiás. Tínhamos a chance de estar disputando a eleição justamente pelo PSD. Porém, a política é muito dinâmica e, em maio do ano passado, como todos sabem, o Vilmar deixou o comando do diretório estadual do partido. Todavia, eu já havia tido uma pré-conversa com o vice-governador Daniel Vilela, que é o presidente do MDB em Goiás, sobre a possibilidade de migrarmos para seu partido, com o objetivo de ser o pré-candidato do MDB a prefeito de Niquelândia. O Daniel está tentando, nos últimos anos, fortalecer e reestruturar o partido em todo o Estado para ser o nosso próximo governador, em 2026. Essa conjuntura acabou se concretizando e, após duas conversas pessoalmente, o Daniel nos expôs claramente os projetos que ele tinha para o MDB de Niquelândia. Ele gostou muito da nossa intenção e deu tudo certo. Na semana passada, que foi o último prazo às filiações para quem deseja ser candidato, formamos a nossa comissão provisória do MDB em Niquelândia, tendo o também advogado Fernando Cavalcante de Melo (que era do Republicanos) como presidente. E eu fiz minha filiação a esse grande partido, convidado pelo Daniel, para assim fortalecer o MDB em nossa cidade.

NA LINHA DE FRENTE – Dr. Sandro durante a distribuição de lanches aos romeiros do Muquém, no ano passado: pré-candidato ainda está se familiarizando com a necessidade de maior exposição pública [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – Sabemos, no entanto, que a chegada do senhor ao MDB provocou um grande desconforto nos antigos e históricos líderes locais do partido, que tinham amplo enraizamento político com o ex-prefeito Luiz Teixeira e, principalmente, com o falecido ex-governador Maguito Vilela, que era pai do atual presidente estadual do partido que o senhor filiou-se agora.

Dr. Sandro – Estamos enfrentando isso com muita tranquilidade e muita naturalidade, até mesmo porque sabemos que isso (as reações contrárias) fazem parte da política. Porém, nós não temos intenção alguma de estarmos indo para o partido para desagregar. Eu cheguei ao MDB para somar, para crescer e estar construindo, juntos, a nova formatação do MDB aqui em Niquelândia. Eu passei essa narrativa aos integrantes do MDB, na oportunidade em que nos reunimos na casa do Elias (José Asmar, ex-secretário de Educação na gestão Luiz Teixeira). Agora é natural que um ou outro não tenha absorvido essa ideia (dele, Dr. Sandro, em disputar as eleições locais pelo MDB). Todavia, não tenho nenhum obstáculo, com ninguém, de estarmos juntos. O melhor caminho é sempre o diálogo.

O INEDITISMO DA PRÉ-CANDIDATURA – “Nunca planejei isso para a minha vida: Sempre fui – e todos sabem disso – uma peça política de bastidor”, afirmou Dr. Sandro [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – Sua pré-candidatura à sucessão do prefeito Fernando Carneiro surgiu, de fato, dentro do grupo político a qual o senhor faz parte? Ou trata-se de uma articulação pessoal do senhor para tentar chegar ao cargo máximo do Poder Executivo em Niquelândia, em outubro, por ser integrante de uma família tradicional do município?

Dr. Sandro – Não, ao contrário. Tenho até dito isso em várias reuniões que estou participando, de que minha pré-candidatura surgiu de forma absolutamente natural. Jamais planejei ou trabalhei para que isso fosse construído por vontade própria. No ano passado – em janeiro ou fevereiro, se não me engano – o (prefeito) Fernando (Carneiro) sentou comigo junto com a Juliana (Campos, primeira-dama do município) e algumas pessoas, consultando-me se eu aceitaria ser pré-candidato à sua sucessão. Naquele primeiro momento, até um pouco assustado, afirmei o que acabei de lhe dizer justamente agora, que nunca planejei isso para a minha vida. Sempre fui – e todos sabem disso – uma peça política de bastidor. Jamais quis, inclusive, estar à frente da imagem do Fernando nesses cinco anos e meio em que ele está como prefeito. Todavia, talvez pelo fato de eu estar lidando com todas as peças do nosso grupo e, graças a Deus, tive um bom relacionamento político com todos eles. Quando um prefeito assume seu segundo mandato, naturalmente começam a especulações sobre quem será o sucessor. Foi quando começaram a ventilar o meu nome, do ano passado para cá, é que começamos a construir isso (a pré-candidatura) politicamente.

O BRAÇO DIREITO – Dr. Sandro (de camisa amarela) com o prefeito Fernando Carneiro ano passado, em vistoria em obras de asfalto na Vila Mutirão, em Niquelândia [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – Nós estamos no mês de abril e, para atender o que manda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senhor pediu exoneração do cargo de assessor especial do Gabinete do Prefeito de Niquelândia, como já era esperado. A saída do senhor da prefeitura lhe dará mais liberdade para trabalhar sua pré-candidatura de forma mais efetiva?

Dr. Sandro – Ah, sem dúvida. Terei muito mais liberdade de estar caminhando, de estar conversando e conhecendo realmente as pessoas e as necessidades do nosso município. E, também, buscar fora – em Goiânia e em Brasília, com todas as amizades que temos – mais soluções e mais verbas, através de emendas, para o município de Niquelândia. Até o 31 de dezembro de 2024 não iremos deixar de trabalhar nisso.

PRESENÇA CONSTANTE – Dr. Sandro sempre teve participação ativa nos eventos da Prefeitura de Niquelândia, quando atuou como assessor especial do prefeito Fernando Carneiro [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – Nós ainda não tivemos, em Niquelândia, a divulgação oficial de nenhuma pesquisa de intenção de voto às eleições de outubro que tenha sido formalmente registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Goiás, por nenhum dos grupos políticos existentes na cidade. Porém, nós já tivemos acessos a diversos levantamentos, de uso restrito dos partidos, que apontam hoje que a pré-candidatura a prefeito do senhor ainda não decolou, aparecendo com uma intenção de voto estacionada na faixa de 8% a 10%. Como é que o senhor vê esse cenário até o momento e quais são as possibilidades de reversão dessa conjuntura atual?

Dr. Sandro – Bom, hoje pela manhã estive numa reunião com o pessoal do instituto pelo qual fazemos nossas pesquisas há seis anos. Tenho feito pesquisas constantemente e sempre fiz isso em Niquelândia, com avaliações sobre a gestão, independentemente de ser ou não um ano eleitoral. Comentei, nessa reunião, justamente sobre as pesquisas que me dão 8%, 10% das intenções de voto. Porém, eu não me preocupo com isso. Quando você tem a sua pesquisa, eu não preciso me preocupar com as pesquisas que me mostram. Nas pesquisas que nós temos, eu figuro com 28% das intenções.  Então, são números bem diferentes de outras pesquisas que chegaram ao meu conhecimento. Por isso, estou bastante animado e confiante que tudo vai dar certo. Do contrário, eu não estaria como pré-candidato a prefeito neste momento. Isso não faria qualquer sentido. Se fosse o caso, nós procuraríamos outra pessoa dentro da administração – ou da nossa base de apoio em Niquelândia – que tivesse mais viabilidade política. Você me conhece muito bem e sabe que eu não me aventuraria a isso, caso eu não tivesse um mínimo de chances – ou de certeza – de ter sucesso nesse pleito.

ESTATÍSTICAS PARA TODOS OS GOSTOS – “Quando você tem a sua pesquisa, eu não preciso me preocupar com as pesquisas que me mostram”, afirmou o pré-candidato Dr. Sandro, em Niquelândia [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – Agora, essa possibilidade de substituir a pré-candidatura do senhor por outro nome da base poderá ser cogitada?

Dr. Sandro – Hoje, nós temos um candidato opositor (Ozeas Boiadeiro, do PL) que já caiu mais de 16 pontos percentuais e eu, que já subi 12 pontos percentuais desde o ano passado, quando fiz a primeira pesquisa. Tudo indica que, assim como nas eleições passadas, estaremos despontando em primeiro lugar até a chegada das convenções partidárias, em agosto.

FOLHA DE PAGAMENTO FOI PRIORIDADE – “Fizemos uma gestão voltada justamente para o servidor público”, afirmou Dr. Sandro [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – A gestão da qual o senhor fez parte, do prefeito Fernando Carneiro, teve um êxito muito grande em manter a pontualidade no pagamento dos vencimentos dos servidores públicos municipais e também na área da Saúde, especialmente no Hospital Municipal Santa Efigênia. Porém, a gestão atual deixou muito a desejar no tocante à realização de obras de infraestrutura, embora saibamos que a prefeitura enfrenta diversos problemas com o pagamento de precatórios.  Podemos esperar, eventualmente, uma mudança desse panorama numa futura gestão Sandro Rocha na Prefeitura de Niquelândia?

Dr. Sandro – Sim. Eu costumo falar que nós fizemos uma gestão – até por uma questão de necessidade mais urgente, mesmo – voltada justamente para o servidor público. Quando nós assumimos a prefeitura (em junho de 2018, com a eleição suplementar vencida por Fernando Carneiro) estávamos com sete folhas de pagamento em atraso. E isso, em breves cálculos, ultrapassa 40 milhões de reais. Ou seja, nós não tínhamos a menor condição de construir um metro sequer de meio-fio. Como é que iríamos fazer meio-fio quando havia funcionários públicos sem ter o que comer em casa? Sem ter dinheiro para pagar suas contas no comércio de Niquelândia? Então, de fato, fizemos uma gestão voltada para o funcionalismo público, colocando em dia a questão dos (empréstimos) consignados, cujo recolhimento de mais de R$ 1 milhão estava atrasado, uma vez que quase todos estavam com seus nomes negativados. Tudo isso nós consertamos, fora o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) da Educação (assinado junto com o Sintego e o Ministério Público), em que pagamos mais de R$ 12 milhões em salários atrasados aos professores e funcionários administrativos da pasta. Depois disso, conseguimos dar um aumento salarial, sempre visando a valorização do nosso servidor público. Mesmo assim, fizemos algumas obras como o término do asfalto do Jardim Águas Claras; metade do asfalto no Residencial Colina Park; e a Avenida da Saudade, no acesso à Vila Mutirão, mais recentemente. Fizemos, também, várias pontes; reformamos postos de saúde; e quase todas as escolas da zona rural. Algumas obras, apesar de todos os problemas financeiros que relatei, nós conseguimos fazer. Você me perguntou o que se pode esperar do nosso eventual governo, a partir do ano que vem. O que falta em Niquelândia, hoje? A prefeitura ainda precisa resolver o problema da falta das certidões negativas, algo que estávamos trabalhando desde o ano passado. Temos grandes chances de êxito em regularizar essa situação – da dívida de mais de R$ 300 milhões com o INSS – deixada pelos ex-gestores que, embora tenham descontado esses valores do contracheque do funcionário público, não recolhiam esse dinheiro para o governo federal. Acompanho isso, constantemente, com a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em Brasília) através da assessoria jurídica do município no DF e em Goiânia. Resolvendo isso (o reparcelamento da dívida com o INSS) posso lhe dizer, com a mais absoluta certeza, de que Niquelândia irá virar um canteiro de obras porque teremos condições legais, juridicamente falando, de receber qualquer emenda parlamentar independentemente de ser impositiva (de destinação orçamentária obrigatória) ou não, no caso as emendas para obras de infraestrutura que, hoje, a Prefeitura de Niquelândia está impedida de receber.

DÍVIDA DE R$ 300 MILHÕES COM O INSS – “Conseguimos realizar algumas obras, mas a Prefeitura de Niquelândia ainda precisa resolver o problema da falta das certidões negativas para receber emendas parlamentares”, afirmou o pré-candidato Dr. Sandro [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]
Excelência Notícias – Essa percepção da população de Niquelândia em geral, de que a gestão atual encontra-se ‘engessada’ em função da falta de investimentos em função dos problemas que o senhor apontou diante da pergunta anterior, não representam sérios desgastes à sua imagem pessoal como pré-candidato a prefeito da cidade este ano?

Dr. Sandro – Eu não vejo dessa forma. Interessante também lhe dizer sobre um outro assunto que debatemos hoje, na reunião com os analistas do instituto de pesquisas: eu não absorvi rejeição em função da administração. Hoje, minha rejeição encontra-se na faixa dos 6% do nosso eleitorado. Então, para quem esteve à frente – nos bastidores da gestão e você sabe que o nosso nome era sempre ventilado (como principal responsável) por tudo o que se fazia – eu imaginaria que eu absorveria uma rejeição maior, que é até algo natural num segundo mandato (de Fernando Carneiro), mas isso não ocorreu. Então, hoje, o que temos são alguns pré-candidatos em Niquelândia que não participaram de nenhuma gestão e que estão com rejeição maior do que a nossa.

CONJUNTURA – “Temos hoje alguns pré-candidatos em Niquelândia que não participaram de nenhuma gestão e que estão com rejeição maior do que a nossa, que é de apenas 6%”, disse Dr. Sandro, durante a entrevista [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]

Excelência Notícias – O que o senhor espera do perfil das chapas de nomes de confirmados pelo MDB, findado o prazo das novas e recentes filiações, como pré-candidatos do partido do senhor a uma vaga de vereador na Câmara Municipal de Niquelândia?

Dr. Sandro – Penso eu que saímos vencedores desta primeira-fase (de captação de possíveis candidatos ao Legislativo), conseguindo formar previamente seis chapas com pré-candidatos bastante competitivos e de peso em Niquelândia, a partir da aglutinação de nove ou dez partidos em nossa base de apoio para essa eleição de 2024.  Estamos com um grupo fortalecido e que, com certeza, iremos chegar ao final (do processo eleitoral) com muito sucesso e, se Deus quiser, com muito êxito em nossa próxima gestão.

TÚNEL DO TEMPO – Dr. Sandro com o então candidato a prefeito Fernando Carneiro em junho de 2018, quando o médico venceu eleição suplementar para governar o município até os dias atuais: jovem advogado tornou-se figura estratégica da atual gestão e agora busca firmar-se como pré-candidato a prefeito em Niquelândia [Foto: Arquivo/Excelência Notícias]

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